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Comunidades tóxicas: e se adotarmos o banimento universal?

Com as empresas buscando novas maneiras de combater cheaters e comportamentos tóxicos, Phil Spencer sugere que banimento seja válido entre plataformas

2 anos atrás

A internet permitiu que pessoas do mundo inteiro pudessem jogar juntas, mas com a popularização do multiplayer online surgiu também um grande problema. Do uso de cheats (trapaças) à formação de comunidades extremamente tóxicas, as empresas têm buscado maneiras de tornar esses ambientes os mais saudáveis possíveis e entre as formas de fazer isso estão o uso das máquinas e fazer com que banimento valesse para todas as plataformas.

Cheats, comportamentos tóxicos e banimento universal

Crédito: Reprodução/Fredrick Tendong/Unsplash

Com milhares de contas sendo banidas mensalmente em diversos jogos que nos oferecem porções online, apenas contar com a denúncia por parte dos jogadores é algo que deixou de ser suficiente. Então, algumas companhias têm recorrido até a inteligência artificial para saber o que tem acontecido dentro dos jogos e uma delas é a Microsoft.

Ao conceder uma entrevista ao The New York Times, Phil Spencer revelou que atualmente a Gigante de Redmond tem monitorado as conversas realizadas na sua plataforma, para assim saber quando um debate está caminhando para um “ponto destrutivo”. Segundo o chefe da divisão Xbox, a inteligência artificial utilizada tem feito um bom trabalho até aqui, evitando que diversas situações fugissem do controle.

Isso se deve ao fato de que quando uma conversa começa a esquentar, o sistema dispara um alerta informando os participantes do que está acontecendo e lhes dando duas opções: ou essas pessoas se acalmam ou a conferência será encerrada. Já aqueles que se sentirem incomodados com ataques que não tiverem sido detectados ainda poderão denunciar o ofensor, com uma equipe de profissionais estando prontos para avaliar o caso.

Crédito: Reprodução/DCStudio/Freepik

Segundo Spencer, a Microsoft tem compartilhado com outras empresas algumas das tecnologias que desenvolveu ao longo dos anos, já que para ele, “os jogos não ganham se uma plataforma for segura e as outras não.” Porém, o executivo admite que ainda há muito progresso a ser feito quando se trata do monitoramento de vídeos e imagens.

Phil Spencer ainda saiu em defesa de uma postura mais agressiva quando se trata de punir aqueles que são pegos trapaceando ou infernizando a vida de quem quer apenas se divertir. Na sua opinião, no cenário ideal as empresas passariam a usar uma espécie de banimento universal.

Algo que eu adoraria sermos capazes de fazer — isso é difícil como uma indústria — é que quando alguém fosse banido em uma das nossas redes, existe uma maneira de o banirmos nas outras redes? Ou pelo menos como jogador, ser possível trazer comigo a minha lista de usuários banidos, porque eu posso sempre bloquear pessoas do meu jogo. E eu adoraria poder trazê-los para as outras redes em que jogo. Então este é o grupo de pessoas que escolho para não jogar com eles. Porque eu não quero ter que recriar isso em todas as plataformas em que jogo videogame.

A ideia de usar um banimento entre plataformas não é nova e uma empresa que já passou a adotá-la é a Activision. Com o Call of Duty: Warzone sofrendo nas mãos dos trapaceiros, a editora resolveu banir universalmente a conta de usuários que não sabem jogar conforme as regras. Ou seja, ao ser pega a pessoa acaba perdendo acesso ao jogo em todos os lugares, mesmo em plataformas em que ela nunca jogou.

Mas apesar da promessa de que estava “caçando” os trapaceiros, a medida evidentemente não acabou com o problema e no início deste mês a empresa decidiu mudar seu alvo. Agora, ao invés de mirar apenas naqueles que usam macetes, eles voltaram suas forças para sites que vendem esses cheats e com medo de ter que encarar um processo milionário, um deles preferiu encerrar suas atividades.

Porém, no caso de um jogo essa capacidade de banir quem não consegue se comportar decentemente é uma tarefa muito mais simples de ser realizada. Como o título está vinculado à conta da editora, basta ela virar uma chave para impedir que a pessoa perca o acesso ao título em qualquer lugar em que ele estiver disponível. Agora, como fazer isso quando o banimento estaria atrelado à conta de um console?

Se hoje alguém me incomoda enquanto estou jogando no Nintendo Switch e opto por bloquear o usuário, como a Xbox Live, a PlayStation Network ou mesmo o Steam saberia que fiz isso? Como garantir que em uma das outras redes o valentão não está se escondendo como outro usuário?

Como disse Phil Spencer, para algo assim funcionar seria preciso uma grande colaboração entre as empresas e mesmo que isso milagrosamente um dia venha a acontecer, quem ficaria responsável por controlar toda a operação? A quem recorreríamos no caso de um banimento injusto?

São muitas perguntas que mostram que apesar de no papel a proposta ser interessante, na prática ela se torna mais desafiadora do que gostaríamos. A certeza por enquanto é que por mais que  usuários e empresas queiram ambientes acolhedores, jogos onde possamos apenas nos divertir, sempre haverá aqueles dispostos a bagunçar a brincadeira, espíritos de porco que estão ali apenas para ver o mundo arder em chamas.

É por essas e por outras que continuo por aqui adorando os jogos estritamente single-player ou que no máximo possam ser aproveitados na companhia de amigos.

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