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NASA vai pagar US$ 1 milhão em prêmios por comida espacial

Concurso da NASA e Agência Espacial Canadense (CSA) vai selecionar propostas viáveis de comida saudável, para ser preparada no espaço

2 anos atrás

A NASA e a Agência Espacial Canadense (CSA) abriram em 2021 um desafio para reunir ideias em torno de um problema: novas formas de preparar e armazenar comida no espaço. A meta é criar soluções para viabilizar refeições frescas, saudáveis e saborosas sem depender de uma cadeia de suprimentos da Terra, que se tornará inviável em explorações do espaço profundo, como em Marte.

O Deep Space Food Challenge está entrando na 2ª fase, e pagará até US$ 1 milhão em prêmios para residentes dos Estados Unidos. No entanto, (quase) qualquer um pode participar.

Nada assim, infelizmente (Crédito: Reprodução/NBCUniversal)

Nada assim, infelizmente (Crédito: Reprodução/NBCUniversal)

Ainda que estejamos desenvolvendo uma série de tecnologias para resolver os problemas de deslocamento para exploração do Espaço Profundo em missões de longa duração, como a Lua, Marte e Europa (sim, a gente vai ignorar o aviso, o que pode dar errado?), pouco tem se avançado nos esforços referentes à boia dos astronautas e futuros colonizadores.

Há uma concepção ingênua de que tudo virá da Terra, como fazemos hoje com a Estação Espacial Internacional, mas a distância ajuda e muito, tanto que hoje eles recebem de tudo, até mel, pudim e café.

Quando falamos de futuras colônias bem mais distantes, as coisas se complicam. Não tem como ir no mercadinho da esquina, e qualquer missão de transporte hoje leva de 260 a 330 dias para sair da Terra e chegar ao planeta vermelho. Agora imagine distâncias maiores.

Há também outros cenários casos que precisam ser levados em conta, como indivíduos com restrições alimentares, sejam elas involuntárias (intolerância à lactose, por exemplo, se bem que todo mundo que bebe leite é um mutante), por escolha (vegetarianismo, veganismo), ou por questões religiosas.

Em um cenário ideal, os astronautas e colonizadores do futuro teriam que comer de tudo, mas na prática, não dá para agir assim, selecionando quem pode subir com base no que come ou deixe de comer, o que é basicamente elitismo, algo que a agência não pode promover.

Refeição típica na ISS em 2003; velcro e presilhas são usados para evitar que tudo saia flutuando (Crédito: Divulgação/NASA)

Refeição típica na ISS em 2003; velcro e presilhas são usados para evitar que tudo saia flutuando (Crédito: Divulgação/NASA)

Claro que criar kits de comida não-padronizada ficaria caro demais, e a NASA não pode se dar a esse luxo, mas no fim das contas, não é nada prático e nem barato manter um delivery para longas distâncias, o da ISS só existe porque ela está logo ali, a 408 km de distância da Terra.

Logo, as agências espaciais decidiram que para missões no Espaço Profundo, as equipes sairão da Terra com tudo o que precisam para iniciar sua produção de comida, e depois disso, terão que produzi-la no Espaço, e é aí que entra o Deep Space Food Challenge.

Aberto em 2021, ele selecionará propostas para novos métodos para o melhor aproveitamento da comida no espaço, de modo a criar refeições nutritivas e verdadeiramente gostosas, que deixarão os astronautas e colonos satisfeitos.

E por padrão, as soluções também serão aplicadas para lidar com os problemas de produção, armazenamento e distribuição de comida na Terra, a fim de combater a fome, a desnutrição e a desigualdade no globo. Como é normal para a NASA, novas tecnologias para o espaço se revertem em melhorias aqui.

Só não se empolgue muito: os prêmios em dinheiro são apenas para cidadãos, residentes permanentes ou instituições dos Estados Unidos, e no caso de times, o líder deve ser americano ou ter residência no país; todos os demais, mesmo os canadenses, receberão apenas "prêmios de reconhecimento", talvez uma plaquinha para pendurar na parede.

Como de praxe, cidadãos e empresas dos países na lista de apoiadores do terrorismo do Departamento de Defesa dos EUA (a saber, Cuba, Irã, Coreia do Norte e Síria) estão completamente vetados de participar; o mesmo se aplica a cidadãos residentes individuais e companhias da China, mas indivíduos serão permitidos como membros de times, desde que não tenham nenhum vínculo empresarial e/ou com o governo de Pequim.

A segunda fase pretende pagar prêmios de US$ 20 mil para as 10 propostas selecionadas, e de US$ 150 mil para os 5 vencedores, que avançarão para a Fase 3. Mas diferente da fase preliminar, em que as melhores ideias foram selecionadas (e que distribuiu US$ 450 mil), os participantes terão que agora apresentar modelos funcionais de suas propostas, ou seja, provar sua viabilidade nas condições impostas por NASA e CSA.

Quem não conseguir, está fora do páreo.

Plantar batatas pode ser uma opção, se for viável (Crédito: Reprodução/Scott Free Productions/Kinberg Genre/TSG Entertainment/20th Century Studios/Disney) / comida

Plantar batatas pode ser uma opção, se for viável (Crédito: Reprodução/Scott Free Productions/Kinberg Genre/TSG Entertainment/20th Century Studios/Disney)

No fim das contas, o Deep Space Food Challenge permitirá o surgimento de novas ideias para lidar com os problemas de produção de alimentos, seja na Terra ou fora dela, e quem sabe, viabilizar a permanência permanente de colônias em lugares distantes, se outros problemas forem resolvidos até lá.

Aos interessados, o site da NASA traz todas as informações sobre como participar do desafio.

Fonte: NASA

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