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Dying Light 2 — Villedor, a Terra dos Mortos

Melhorando alguns aspectos do primeiro capítulo, Dying Light 2 entrega uma experiência muito divertida e com conteúdo para muitas horas de jogo

2 anos atrás

Até por ser um estúdio independente fundado na Polônia, em 2015 a Techland surpreendeu muita gente ao lançar um ambicioso jogo que misturava combate corpo a corpo, elementos de RPG e parkour. Extremamente divertido, com uma jogabilidade precisa e um vasto mundo aberto bastante detalhado, os fãs logo ficaram empolgados com a promessa de uma continuação e sete anos depois, o Dying Light 2 Stay Human chega para expandir as qualidades do antecessor, mas derrapando no enredo.

Dying Light 2 Stay Human

Crédito: Divulgação/Techland

Todo Mundo Quase Morto

Após o THV (The Harran Virus) ter dizimado a população da cidade fictícia em que se passava o primeiro jogo, o Global Relief Effort (GRE) conseguiu desenvolver uma vacina para a ameaça. Aquele foi o fim da pandemia que transformava as pessoas em violentas criaturas parecidas com zumbis, mas a organização responsável pelo controle da praga não cumpriu tudo o que prometeu.

Pelos meses seguintes a GRE continuou realizando pesquisas com o vírus, até que uma variante do THV escapou das suas instalações e uma segunda pandemia teve início. Se espalhando ainda mais rapidamente do que a primeira, todo o planeta acabou sendo atingido, num evento que ficou conhecido como “A Queda”.

Para piorar, tanto a vacina quanto a Antizina — um poderoso medicamento que retardava a transformação dos infectados em monstros — mostraram-se ineficazes contra o novo THV. Restava àqueles que contraíssem o vírus apelar para a luz ultravioleta, com o Sol e as lâmpadas assim se tornando essenciais para essas pessoas.

É nesse contexto e 15 anos após os acontecimentos d’A Queda que se passará o Dying Light 2 Stay Human. Com 90% da população mundial tendo desparecido, aqueles que sobraram estão escondidos em cidades que se fecharam ao mundo exterior e coube aos Peregrinos criar uma rota de contato entre esses lugares.

No jogo seremos Aiden Caldwall, um desses bravos exploradores e que após receber a informação de que uma pessoa em Villedor pode saber onde está sua irmã desparecida, prontamente se dirige para lá. Porém, ao adentrar os muros do local ele descobre que a situação não é nada boa. O fato de a cidade ter sido isolada pela GRE fez com que os infectados permanecessem presos e com várias facções lutando pelo controle, conseguir obter a informação que precisa não será fácil.

Crédito: Divulgação/Techland

Conforme avançarmos pela campanha teremos a opção de ajudar este ou aquele grupo de pessoas, com o sucesso de um podendo significar a aniquilação do outro. Além de nos permitir acesso a partes diferentes do mapa e a missões distintas, essas escolhas mudaram profundamente o cenário, com a influência de cada facção adicionando armadilhas ou atalhos ao lugar e servindo como incentivo a jogarmos o título diversas vezes.

O problema desse sistema é que se você não simpatiza com a causa dos Pacificadores, parecerá estranho ajudá-los só para ter a presença de alarmes nos carros ou metralhadoras espalhadas numa região. O que dizer então de se unir aos Sobreviventes apenas para ter acesso a novas ziplines ou pontos de queda, mesmo não suportando aquele pessoal?

Contudo, independentemente do caminho que você seguir, invariavelmente esbarrará na principal falha do jogo, que é a sua história. Com uma motivação fraca e já explorada à exaustão, mesmo os personagens que encontramos pelo caminho quase sempre serão muito rasos, isso quando não parecem exageradamente caricatos e a dublagem de gosto duvidoso também não ajuda.

Em boa parte das vezes essas pessoas nos fornecerão missões cujas motivações beiram o ridículo, como, por exemplo, um sujeito que criou um serviço de encontros para casais, uma espécie de “Tinder analógico pós-apocalipse”. Como ele acabou perdendo alguns cartões dos pretendentes, e caberá a nós vasculharmos alguns lugares para encontrar os registros.

Fazer com que percamos o foco ao incluir as mais variadas missões secundárias é um problema que afeta quase todos os jogos de mundo aberto, mas sinceramente, me colocar para procurar cartões de possíveis namorados enquanto o mundo arde lá fora?

Eu perdi a contas das vezes em que me meti em missões que só valeram a pena pelos itens que recebi ou pelos pontos de experiência adquiridos. É uma pena, pois a Techland poderia ter olhado para o quintal ao lado e aprendido algumas lições com a CD Red Projekt, outra desenvolvedora polonesa e que com o The Witcher 3: Wild Hunt mostrou como fazer essas histórias paralelas parecerem muito interessantes.

Crédito: Divulgação/Techland

Não se Deve Profanar o Sono dos Mortos

Mas se o Dying Light 2 Stay Human merece críticas pelo seu enredo, o mesmo não pode ser dito da sua jogabilidade. Mantendo muitos dos elementos do seu antecessor e até mesmo os aperfeiçoando, o jogo é um prato cheio para quem gosta de explorar e sentir como se fosse um mestre do parkour.

No início será um pouco complicado lidar com tantos comandos e ter a noção se um salto é possível ou não. Porém, conforme dominamos o controle do protagonista e ganhamos acesso a novas habilidades e itens, atravessar o mapa se tornará muito divertido, com cada construção presente naquela “caixa de areia” passando a impressão de ter sido cuidadosamente posicionada.

Com Villedor estando dividida em sete áreas, é muito prazeroso correr pelas ruas da cidade, saltar pelos telhados ou se esquivar dos muitos zumbis que rondam o lugar. O que torna a experiência ainda mais interessante é o fato de muitos prédios contarem com entradas, permitindo que a exploração se torne mais desafiadora, já que esses lugares se baseiam numa importante mecânica da série: a passagem do tempo.

Como aqui os zumbis serão afetados pela luz solar, durante o dia eles permanecerão num estado quase letárgico, com eles se movendo mais lentamente ou se escondendo em lugares pouco iluminados. Assim, será preciso pensar duas vezes antes de invadir uma construção durante o dia, já que ela estará repleta de mortos-vivos e ter sucesso ali será muito difícil.

Dying Light 2 Stay Human

Crédito: Divulgação/Techland

Porém, como a maior parte dos melhores itens estão escondidos nos prédios, a opção seria voltar ao lugar durante a noite, já que nesses períodos os zumbis saem para caçar. O problema é que as ruas estarão muito mais povoadas, os monstros serão mais agressivos e ainda teremos que tomar cuidado com os howlers, monstros que ao nos ver emitirão um grito que fará com que os outros comecem a nos perseguir. É uma bela mecânica que se vale da relação risco x recompensa e traz elementos de furtividade ao jogo.

Mas se a noite já não fosse assustadora o suficiente para nos fazer querer permanecer na segurança dos abrigos, logo no início da história o protagonista acaba sendo infectado e isso complicará bastante nossa vida. Como a única maneira de nos mantermos humanos é estando em contato com luz ultravioleta, sempre que saímos a noite haverá um contador mostrando quanto tempo nos resta até a infecção tomar conta. A solução então será encontrar uma lâmpada UV ou recorrer a itens, tornando a exploração noturna (ou em certos ambientes fechados) muito mais tensa.

Na maior parte do tempo estaremos divididos entre realizar as missões (preferencialmente durante o dia) e vasculhar os prédios a noite, com a evolução do nosso personagem e a descoberta de novos lugares sendo o combustível para continuarmos jogando. Nesse quesito, o Dying Light 2 Stay Human se mostra extremamente competente e se você puder encará-lo na companhia de amigos (com o coop permitindo até quatro pessoas), a aventura será muito mais divertida.

Crédito: Divulgação/Techland

Zumbilândia

Desde a fraca história à enxurrada de personagens clichês, como um líder religioso que acredita na criação de uma sociedade utópica ou um militar que quer impor a ordem na base da força, passando ainda por flashbacks com uma irritante garotinha, não será pelo roteiro que o Dying Light 2 Stay Human conseguirá nos prender.

Em sua essência, a criação da Techland é um enorme playground onde teremos total liberdade para escalar, saltar, correr, nos balançar usando um gancho e de quebra, usar armas cada vez mais poderosas para picotar um dos inimigos mais adorados nos games, os zumbis. Até chegarmos a esse nível teremos que enfrentar algumas horas de um treinamento disfarçado, com histórias dispensáveis tentando servir como um pano de fundo e o progresso ocorrendo lentamente.

Felizmente esse esforço inicial eventualmente será recompensado, com o jogo entregando uma das jogabilidades mais sólidas e divertidas oferecidas por um título de mundo aberto. Ele não traz grandes inovações, provavelmente não causará o mesmo impacto do seu antecessor, mas quem gostou daquele título que nos colocava para sobreviver ao apocalipse zumbi em Harran, dificilmente não apreciará repetir a dose em Villedor.

Pode ser que com a contratação de novos roteiristas o estúdio consiga entregar um terceiro capítulo com um enredo mais interessante, mas se você conseguir ignorar o quão pastelão é o do Dying Light 2, não precisará esperar até lá para voltar a apreciar essa nova mistura de estilos que mais uma vez casou tão bem.

Dying Light 2 Stay Human — Ficha Técnica

  • Plataformas Disponíveis: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S|X.
  • Desenvolvedora: Techland
  • Distribuidora: Techland
  • Data de lançamento: 4/2/22

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