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Gamers Outreach, a iniciativa que ajuda crianças em hospitais

Agora contando com o apoio da marca Xbox, a Gamers Outreach é uma organização sem fins lucrativos que tem tornado um pouco melhor a vida de crianças doentes

2 anos atrás

Para a maioria de nós, apaixonados por videogames, os jogos eletrônicos são encarados como meros passatempos, quando muito uma maneira de conhecer outras culturas. Já para algumas crianças ao redor do mundo, os games servem como uma forma de escape e até como uma ferramenta para se conectarem com o mundo exterior. Pois é aí que entre o fantástico projeto Gamers Outreach.

Gamers Outreach

Crédito: Divulgação/Gamers Outreach

Visando usar os videogames para ajudar crianças que convivem com alguma enfermidade, esta é uma organização sem fins lucrativos que atua em mais de 300 hospitais (quase todos nos Estados Unidos), sendo que 90% são infantis.

Fundada em 2008 por Zach Wigal, o idealizador da ONG disse que sempre viu os games como algo capaz de unir as pessoas e que graças a uma parceria com a Microsoft, ele espera poder levar o passatempo favorito das crianças a mais hospitais. Ele declarou:

A cada ano, milhões de crianças e adolescente recebem cuidados médicos em hospitais e para muitos, o processo pode ser assustador e isolado. Durante a hospitalização, as crianças perdem acesso aos amigos, a escola e a momentos que normalmente definem a infância. Estamos numa missão de mudar a experiência delas.

Para dar uma maior visibilidade ao projeto, a Gigante de Redmond publicou o Beyond Xbox: Therapeutic Play, um curta que mostra o encontro virtual entre Jordan Strong e Megan Shaw. O que torna o evento fascinante é o fato de ambos serem portadores da Síndrome de Ehlers-Danlos, uma condição raríssima também conhecida como “Síndrome do Homem Elástico.”

Afetando o colágeno e sendo caracterizada pela hipermobilidade articular, esse distúrbio hereditário faz com que as articulações possam se deslocar facilmente ou o paciente tenha a pele translucida, tornando-a suscetível a formação de hematomas. Sem cura, resta à pessoa fazer um tratamento de suporte, mas para alguns especialistas, conversar com pacientes com a mesma condição pode contribuir muito para uma melhor qualidade de vida.

Jordan Strong no curta Beyond Xbox: Therapeutic Play. (Crédito/Divulgação/Microsoft)

O problema é que, normalmente, quem possui a síndrome passará a vida inteira sem conhecer outra pessoa com a mesma condição e no caso de Jordan e Megan, o que permitiu esse contato foi o multiplayer online, mais precisamente o do Forza Horizon 5. Como o rapaz de 15 anos mora em Michigan, Estados Unidos, e a moça de 23 anos está em Inverness, Escócia, coube ao jogo aproximá-los.

Nós conversamos sobre como às vezes você recebe um conselho médico, mas no fim das contas você conhece seu próprio corpo, é você que vive com ele,” declarou Megan. “É bom conversar com alguém que entende. Acho que no fim não importa que ele tenha uma idade diferente da sua ou está num país diferente. Meus amigos e família são realmente solidários, mas é uma coisa bastante difícil de entender se você nunca a experimentou.

Mesmo com a dupla possuindo subtipos diferentes da Síndrome de Ehlers-Danlos, Jordan disse que tem sido muito bom poder conversar com alguém com a mesma doença, oportunidade que ele não teve anteriormente. Além disso, o garoto ficou surpreso ao saber que a nova amiga costuma “se arriscar” na natureza, fazendo caminhadas e até tendo disputado uma meia maratona.

O belo vídeo produzido pela divisão Xbox mostra um pouco dessa interação entre eles:

Iniciativas como essa ajudam a desmistificar um pouco o conceito de que os videogames são formadores de assassinos ou simples brincadeiras de crianças. Aliás, foi justamente com esse intuito que nasceu a Gamers Outreach, após o seu fundador passar por uma experiência bastante frustrante na adolescência.

Tudo começou em 2006, quando ainda com 16 anos, Wigal decidiu organizar um torneio de Halo 2. Alguns meses depois e com a ajuda de amigos, eles abriram as inscrições para a competição e mais de 300 pessoas decidiram participar. Para facilitar a organização, o grupo decidiu alugar a lanchonete da escola em que estudavam, mas o evento não sairia conforme o planejado.

Faltando três dias para a realização do torneio, um oficial responsável pela segurança pública da cidade conseguiu o seu cancelamento, sob a alegação de que o conteúdo de jogos como Halo estavam “corrompendo a mente da juventude americana” e por ele se preocupar em as crianças estarem “se treinando para matar.

Crédito: Divulgação/Gamers Outreach

Mesmo com a proibição, Zach Wigal e seus amigos continuaram dedicados a realizar uma competição, mas dessa vez eles focariam em mostrar como os games poderiam ter um impacto positivo na sociedade. Foi assim que em 2008 nasceu o Gamers for Giving, um evento que além de colocar os participantes para competir entre si, arrecadaria dinheiro para a caridade.

A iniciativa deu lugar a algo muito maior quando o rapaz tomou conhecimento de que um hospital local não estava conseguindo fornecer atividades suficientes às crianças. Embora o lugar contasse com alguns videogames portáteis, era difícil gerenciar os aparelhos, com os pacientes tendo que se locomover até uma sala especial.

A ideia de Wigal foi desenvolver o GO Kart, uma espécie de plataforma móvel que permitiria um console ser levado até o quarto dos pacientes. O conceito funcionou e rapidamente foi levado para outros hospitais, com o equipamento sendo construído pela própria organização no Texas e permitindo que diversas crianças possam ter um pouco de diversão enquanto lutam contra suas doenças.

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