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Wii Sports, GB Micro, Elden Ring… Reggie Fils-Aimé solta o verbo

Em livro de Reggie Fils-Aimé, fala sobre como garantiu a inclusão do Wii Sports e cada caixa do console e como não impediu o lançamento do Game Boy Micro

2 anos atrás

De gostos pessoais até decisões que podem definir o futuro de uma empresa, os bastidores da indústria de videogames costuma guardar seus segredos que são mantidos a sete chaves. Por isso, quando algum executivo como Reggie Fils-Aimé resolve revelar um pouco do que sabe, muitas informações interessantes podem vir à tona.

Wii Sports teve uma ajudinha de Reggie Fils-Aimé

Wii Sports ajudou a vender muitos consoles (Crédito: Reprodução/Wallpaper Cave)

Com o livro Disrupting the Game: From the Bronx to the Top of Nintendo tendo recém-chegado às prateleiras, quem já teve a oportunidade de lê-lo tem se deliciado com as histórias contadas pelo ex-presidente da Nintendo of America. Entre elas, uma que tem se destacado na imprensa foi o esforço que Fils-Aimé fez para que o Wii Sports fosse oferecido com cada unidade do antigo console da empresa.

Embora incluir um jogo com os consoles e portáteis que vendia fosse uma prática que a Nintendo trazia desde a época do NES, a proposta não foi bem recebido por duas figuras importantíssimas da empresa: o CEO Satoru Iwata e o game designer Shigeru Miyamoto.

Segundo Reggie Fils-Aimé, durante uma reunião para definir como seria o lançamento do Wii, Iwata disse que “a Nintendo não distribui conteúdo valioso de graça.” Para o saudoso executivo, eles trabalham duro para criar experiências especiais e são “os softwares únicos que motivam os consumidores a comprarem o hardware que fabricam”, com eles tendo o intuito de vender tais jogos por muito tempo. Por isso, o CEO estava decidido a não incluir o Wii Sports na embalagem do console.

O responsável pela Nintendo of America então argumentou que o Wii trazia um conceito muito diferente, focando na jogabilidade e como o objetivo da empresa para aquele aparelho era alcançar um mercado consumidor muito maior, nada melhor do que aproveitar o jogo de esportes como uma espécie de garoto propaganda. Fils-Aimé até usou o passado da empresa, dizendo ao chefe que quando comprou seu Super Nintendo, recebeu junto uma cópia do Super Mario World.

Mesmo assim, o debate em torno do tema se estendeu por alguns meses e após conseguir “dobrar” o Sr. Iwata, Regginator ainda precisaria convencer o chefe de desenvolvimento de jogos da empresa, Shigeru Miyamoto. Durante um encontro na cidade de Kyoto em 2006, inicialmente o lendário game designer foi complacente, afirmando entender o desejo de Fils-Aimé em incluir um título forte no lançamento do Wii, mas ofereceu outro jogo para ser vendido com o console. Tratava-se de uma versão preliminar do Wii Play.

Um console que agradou todas as tribos (Crédito: Reprodução/Sarg. Lorie Jewel/Wikimedia Commons)

Porém, para o presidente da NoA, o jogo parecia mais uma coletânea de mini-games, não a experiência mais completa que o Wii Sports proporcionava. Foi naquele momento em que Reggie resolveu jogar alto. Ele propôs que o Wii Play fosse oferecido com um Wii Remote, o que poderia alavancar as vendas do acessório. Mesmo contando com o apoio do vice-presidente da empresa, Mike Fukuda, a ideia não foi muito bem-vista.

“Nenhum dos dois entendem os desafios de criar jogos que as pessoas adoram jogar,” afirmou um Miyamoto que já não tinha o típico sorriso no rosto. “Isso é algo que constantemente nos esforçamos a fazer. Nós não daremos os nossos jogos.”

Mas para a sorte de Fils-Aimé e Fukuda, o Sr. Iwata já estava pendendo para o lado da dupla. Para ele, o que os executivos estavam tentando fazer era resolver um problema que não existia no Japão, num mercado bastante diferente do que eles tanto conheciam e que vinha registrando um ótimo desempenho do Xbox 360. Após várias outras rodadas de negociações, o alto escalão da Nintendo acabou cedendo, mas com o Wii Sports permanecendo sendo sido vendido separadamente no Japão.

O resultado daquele embate? Como as cópias disponibilizadas com o console no ocidente eram contadas como vendas, o Wii Sports se tornou o título mais vendido do Wii, com 82,9 milhões de cópias. Se considerarmos que ao todo o videogame alcançou uma base instalada de pouco menos de 102 milhões de unidades, foi um desempenho e tanto.

Imagine jogar usando isso (Crédito: Reprodução/Wikimedia Commons)

Já outra discordância que Reggie Fils-Aimé teve com os japoneses foi na época do lançamento do Game Boy Micro. Com o Nintendo DS já nas lojas e o interesse pelo game Boy Advance caindo, o então vice-presidente de vendas e marketing da Nintendo of America começou a planejar o encerramento da linha GBA. A ideia era aproveitar a Black Friday de 2005 para limpar os estoques, mas do outro lado do planeta a intenção era bem diferente.

Enxergando potencial para continuar explorando o antecessor do DS, os japoneses anunciaram o Game Boy Micro, algo que para Fils-Aimé, nunca fez muito sentido. Com um tamanho bastante reduzido, o portátil era o oposto de um conceito que ganhava cada vez mais força na época, que eram as telas maiores.

Mesmo acreditando que o Game Boy Micro seria uma distração para o mercado e que o assunto deveria ter sido debatido com antecedência, Fils-Aimé se viu obrigado a lançar o videogame. Até o final daquele ano, menos de dois milhões de unidades tinham sido vendidas e o caso passou a ser usado como uma lição: as lideranças dos dois países precisavam ter um melhor canal de comunicação entre eles e após o americano assumir o cargo de presidente da divisão ainda em 2005, ele passou a realizar reuniões semanais para discutir assuntos importantes.

“Assim que começamos [esses encontros], todos viram os benefícios,” afirmou Reggie Fils-Aimé. “Os resmungos pararam, o compartilhamento de informações acelerou e vimos o benefício imediato no ritmo das nossas iniciativas.”

Reggie Fils-Aimé

Elden Ring? My Body Isn't Ready! (Crédito: Reprodução/Flickr/GDC)

Mas se o Disrupting the Game: From the Bronx to the Top of Nintendo trata principalmente de como era trabalhar para a empresa japonesa, o lançamento do livro tem permitido ao executivo falar até sobre o que anda jogando ultimamente e entre os títulos escolhidos está o Elden Ring.

Mesmo admitindo não se interessar muito pelos jogos estilo Souls e de não ter terminado a campanha da última criação da FromSoftware, Fils-Aimé disse ter gostado da experiência e aprendido com ela. Segundo ele, jogos assim vão contra o que mais admira na mídia, já que adora vencer e não de ver o seu personagem ser derrotado. Como exemplo ele citou o The Legend of Zelda: Breath of the Wild, título que chegou ao final e que mesmo assim morreu apenas algumas poucas vezes até ver os créditos subirem.  

E assim como muitos de nós, são os jogos independentes que mais tem despertado o interesse em Reggie Fils-Aimé. “Acredito que a comunidade indie está assumindo muito mais riscos,” defendeu. “São eles que estão empurrando os limites um pouco mais agressivamente. Gosto disso. Gosto dessa sensação de inovação e de onde ela está vindo.”

Fonte: Nintendo Life, Video Games Chronicle e Mashable

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