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Laptops gamer: a verdade oculta que não te contaram

Diferença no fornecimento de energia afeta performance de GPUs em laptops gamer, no que topos de linha podem ficar atrás de intermediárias

2 anos atrás

Os laptops gamer são uma alternativa para usuários que precisam de PCs mais parrudos, mas não têm dinheiro disponível para montar um desktop com processador e GPU de ponta. Por muito tempo, Nvidia e AMD ofereceram versões móveis das placas de vídeo com especificações mais contidas, mas nos últimos anos, ambas afirmam não haver diferenças de desempenho entre uma dedicada de notebooks, e sua irmã maior.

Alienware m15 R6 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit) / laptops

Alienware m15 R6 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Hoje, a maioria dos fabricantes de laptops gamer adoram se gabar das especificações de seus produtos, principalmente quando equipados com as gerações mais recentes de GPUs, mas a verdade é que mesmo compartilhando o nome, há diferenças na performance entre um desktop e um notebook, e mesmo entre PCs móveis com configurações similares.

Uma questão de energia

O problema gira em torno de quanta energia um laptop consome e quanta é direcionada à GPU, o que influi diretamente em como ela funciona e seu desempenho geral. Em um desktop, o usuário tem à disposição uma fonte suficientemente potente para garantir que a placa de vídeo dedicada funcione em sua plenitude, e possa trocá-la quando houverem problemas de alimentação.

Um laptop, seja ele gamer ou não, não pode contar com esse luxo. O projeto de um computador móvel precisa considerar quanta energia o kit irá consumir, e caso ele possua uma GPU dedicada, é importante garantir uma alimentação adequada para que a performance seja ideal. Essa característica é medida no TGP, de Total Graphic Power ou Poder Gráfico Total, uma característica que desde maio de 2021, a Nvidia exige que seja incluída nas especificações de laptops gamer com suas GPUs.

Isso foi feito de modo a diminuir a confusão na hora de adquirir um laptop gamer, para que o consumidor possa saber quanta energia a GPU consome, e qual é o seu clock real, mas depois de um ano, nem todos aderiram à prática, causando situações constrangedoras.

Em fevereiro de 2022, o site Notebookcheck realizou benchmarks entre dois modelos diferentes de laptops gamer da MSI, ambos equipados com a placa de vídeo RTX 3070 Ti. Nos testes, o Stealth GS66 apresentou um desempenho cerca de 15% inferior em relação ao Vector GP66 no 3D Mark, mesmo usando a exata mesma GPU.

Uma das explicações para isso reside no fato de que o Stealth GS66 é mais fino que o Vector GP66, assim, ele consome menos energia para não haver problemas de superaquecimento; o problema é que essa redução impacta diretamente na performance da GPU, no que não basta apenas observar o modelo equipado em um notebook.

Lenovo Legion 51 Pro, equipado com a RTX 3070 Ti, se saiu melhor no 3DMark do que o Gigabyte Aero 16, que usa a 3080 Ti (Crédito: Digital Trends)

Lenovo Legion 51 Pro, equipado com a RTX 3070 Ti, se saiu melhor no 3DMark do que o Gigabyte Aero 16, que usa a 3080 Ti (Crédito: Digital Trends)

O site Digital Trends conduziu testes similares, mas usando dois notebooks com GPUs distantes. Nos benchmarks realizados, o Lenovo Legion 5i Pro, equipado com uma RTX 3070 Ti, ficou quase 2 mil pontos no 3DMark à frente do Gigabyte Aero 16, que usa a RTX 3080 Ti.

De novo, vale notar que o segundo é mais fino que o primeiro, o que explica essa discrepância no desempenho. Com menos energia fornecida, a placa de vídeo não tem como atingir sua máxima performance, não alcançando os resultados

Laptops gamer, TGP e especificações

Como mencionado acima, a Nvidia passou a exigir que as manufaturas deixem bem claro, nas especificações de seus produtos nas páginas oficiais, a quantidade de energia que suas GPUs incluídas em laptops gamer consomem, mas a maioria das OEMs ignora completamente a diretriz, ou a esconde atrás de páginas e links confusos

A Dell, por exemplo, publica as informações referentes a TGP e consumo energético das placas de vídeo em uma página separada, acessível através do link "ajude-me a escolher" nas configurações de produto, quando deveria estar às claras.

Vale notar que a Nvidia, mesmo advogando por mais clareza, não é inteiramente santa. Recentemente, a companhia abandonou as denominações Max-Q e Max-P para suas GPUs, no que a primeira era voltada às placas que consumiam menos energia, ou seja, tinham performance inferior às classificadas como Max-P.

Note, entretanto, que o fim da nomenclatura não implica em um abandono da prática. Apenas ficou mais difícil para o consumidor identificar qual laptop gamer é mais potente, mesmo entre modelos que usam uma mesma GPU, chegando a situações onde uma teoricamente mais fraca apresenta um desempenho melhor do que uma de ponta.

Samsung Odyssey 2 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit) / laptops

Samsung Odyssey 2 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Em um cenário ideal, fabricantes deveriam ilustrar, de modo claro e sucinto, quanta energia as GPUs equipadas em seus laptops consomem, para que o usuário possa decidir por qual modelo optar. Um design que privilegie a ventilação, mesmo oferecendo um case maior e mais pesado, tem grandes chances de prover mais potência à placa de vídeo, podendo assim trabalhar a 100%.

Evidente que toda OEM quer vender, e na possibilidade de seu produto ficar aquém do concorrente, mesmo usando uma GPU igual, preferem não mencionar o TGP e especifcações sobre o clock e energia. O fim das nomenclaturas Max-Q e Max-P da Nvidia também os privilegiou nesse sentido, pois aumentou a confusão.

No fim das contas, a melhor opção para quem deseja jogar em um computador com o máximo de desempenho, continua sendo montar um desktop envenenado, mas quem não quem bala na agulha para isso, terá que percorrer um caminho bem pedregoso até encontrar um laptop que se adeque às suas necessidades, e que sua placa de vídeo não trabalhe a 70% por não receber energia suficiente.

Fonte: Digital Trends

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