Carlos Cardoso 2 anos atrás
Você já viu esse filme, robôs com tecido humano sobre um esqueleto de metal, programados para matar, esmagar, destruir, infiltrando-se em nossa sociedade, ocultos até a ordem ser dada e o extermínio da Humanidade começar.
Só quem aparentemente nunca viu um filme de ficção científica na vida é Pierre-Alexis Mouthuy e seu grupo de cientistas, ao menos é o que o paper que eles publicaram, Humanoid robots to mechanically stress human cells grown in soft bioreactors, dá a entender.
Cultivar tecido humano em laboratório por si só não é novidade, você precisa de células, uma placa de petri e um caldo de cultura pra alimentas as bichinhas. Tecido especializado é mais complicado, mas já se consegue muita coisa complexa.
A pesquisa, fora criar um T800 para nos exterminar, pretendia descobrir se era viável criar tecidos como tendões, cultivando-os em sua posição de uso. O método foi bem interessante:
Tendões e músculos precisam ser flexíveis, o que é complicado quando se usa uma placa de petri estática. Para tentar criar em laboratório tecido móvel, os cientistas construíram um biorreator flexível, que acompanhava o contorno de uma articulação óssea.
Mais ainda, o arcabouço usado para cultivar as células, uma espécie de “armação” ou “forma” mudava de forma quando o “braço” robótico se movia.
Com isso as células cresceram em sua posição final, acostumadas com a movimentação.
Os pesquisadores apontaram a nova tecnologia como forma de no futuro prover enxertos e implantes para pacientes, mas também reconhecem que isso pode ser usado para dar carne e pele a robôs.
Qual motivo um robô teria para precisar de carne e pele? Vários.
O mais óbvio são robôs voltados para... entretenimento, como a Pris, em Blade Runner ou a Six of Nine, em Tripping the Rift, e a já citada utilização de robôs para infiltração e espionagem, mas usos mais mundanos por si só já justificam a tecnologia.
Imagine um robô cuidando de idosos ou bebês. Quanto mais fugir do Vale da Estranheza, melhor, e pele de verdade. Quentinha, é um bom passo para fugir do Vale.
O crescimento do tecido variava de acordo com a quantidade de estímulo/exercício aplicada ao enxerto, mas ainda é cedo para determinar seu efeito. Os pesquisadores ainda estão analisando os dados, querem ter certeza de que a movimentação afeta realmente a amostra.
Já contando com essa descoberta, os pesquisadores estão pensando em robôs assassinos tecidos cultivados em modelos do esqueleto do paciente impressos em 3D, com perfeito encaixe substituindo os tendões e músculos lesionados.
Pode dar samba? Talvez, mas é o tipo de pesquisa que como toda boa ciência de base usa a filosofia hacker, fazer para descobrir se pode ser feito.
Se der certo, excelente. Teremos alguns anos de tratamentos médicos revolucionários, e outros bons anos de Caprica Six, antes de chegarem os T-800.