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Topo do Diablo Immortal? Um privilégio para poucos abastados

De acordo com levantamento, seria necessário gastar US$ 110 mil (ou dez anos) para maximizar completamente um personagem no Diablo Immortal

2 anos atrás

Quando a Blizzard anunciou que o Diablo Immortal seria um jogo para dispositivos mobile, muitas pessoas ficaram indignadas. Do sentimento de traição por o título ignorar os ditos “jogadores hardcore” até o medo de que ele se apoiaria demais nas microtransações, a chuva de reclamações foi pesada. Alguns anos depois, o experimento da Blizzard finalmente está entre nós e a maneira como a empresa tem buscado o lucro tem desagrado muitas pessoas.

Diablo Immortal

Crédito: Divulgação/Blizzard

Mesmo com o Diablo Immortal podendo ser aproveitado sem colocarmos a mão no bolso, um levantamento feito pelo canal Bellular News descobriu que fazer com que um personagem se torne o mais poderoso possível será algo que poucos terão a oportunidade. O motivo? A quase necessidade de gastarmos mais de US$ 110 mil para chegar a esse objetivo.

Explicando. No jogo teremos três maneiras de nos tornarmos mais poderosos: o nível do personagem, que aumentará conforme ganharmos experiência; o nível dos equipamentos que podemos obter; e as Gemas Lendárias. Enquanto os dois primeiros são comuns em RPGs, o último foi implementado pela Blizzard/NetEase justamente para incentivar o gasto por parte dos jogadores.

Embora elas até possam ser obtidos apenas jogando, essas gemas são bastante raras e por isso sua obtenção é incentivada através da compra de Baús Lendários. O problema é que adquirir esses baús não garante a vinda das pedras, fazendo com que a loteria possa ser descrita como as famigeradas loot boxes.

No jogo, as gemas podem ser conseguidas em uma Fenda Anciã enquanto estivermos usando Brasão Lendário Eterno, item que nos custará cerca de R$ 13 para ser produzido. Porém, como nunca saberemos a pedra que encontraremos nesses lugares e com diversas delas sendo necessárias para aumentarmos o nível das Gemas Lendárias, a aleatoriedade tornará quase impossível chegarmos ao topo apenas jogando.

Já a outra maneira de adquirir essas gemas seria através do mercado do Diablo Immortal, o que atualmente exigirá o pagamento de 200 Orbes Eternos, a moeda do jogo que pode ser comprada com dinheiro real. Essa quantidade de orbes nos custará pouco mais de R$ 16, o que até pode aparecer pouco, mas a maneira como o jogo foi construído faz com que seu sistema de monetização seja extretamente predatório.

Crédito: Divulgação/Blizzard

Segundo os autores da pesquisa que aponta os problemas do Diablo Immortal, para maximizarmos um personagem no jogo sem gastarmos dinheiro seria necessário um investimento de aproximadamente dez anos. Isso faz com que o título possa até não ser taxado como exclusivamente Pay-to-Win, mas não resta dúvida de que aqueles que estiverem dispostos a gastar terão vantagem sobre os demais.

Contudo, quantas pessoas poderão gastar mais de US$ 50 mil na roleta do loot box do jogo, para assim conseguir elevar uma gema de cinco estrela até o nível 10? Essa seria a motivação para aqueles que terminaram a campanha e desejam levar seu herói até o limite, mas diante de valores tão absurdos, certamente isso será algo que poucos conseguirão.

Eu até entendo que não deveria ser fácil estar na elite de um jogo em que a busca por armas e equipamentos é o foco. Porém, a partir do momento em que todo o esforço pode ser substituído por muito dinheiro e pouco juízo, boa parte da graça se esvai mais rápido do que o limite do cartão de crédito.

O fato é que por se tratar de um jogo gratuito, todos nós sabíamos que a Blizzard buscaria uma maneira de faturar com o Diablo Immortal, mas a maneira como o jogo chegou aos dispositivos mobiles e PC extrapolou todos dos limites, tornando a evolução dos personagens lenta demais para quem não quer gastar e cara demais para quem não quer esperar.

Também não ajuda a amenizar a situação a utilização de loot boxes, o que fez inclusive com que o título nem chegasse a ser lançado na Holanda e na Bélgica. Como em 2018 a Belgian Gaming Commission decidiu que as caixinhas podiam ser consideradas jogos de azar, a Blizzard preferiu evitar dores de cabeça futuras e não levar sua mais recente criação para esses países.

Crédito: Divulgação/Blizzard

Enquanto isso, por aqui, mesmo com essas reclamações em relação à monetização do Diablo Immortal, continuo curioso em me aventurar por ele. Como meus planos em relação ao jogo passam longe de encarar o seu pós-game, algo que não fiz nem no Diablo III, talvez a minha experiência não seja tão traumática quanto a das pessoas que estão mais revoltadas.

Sem a necessidade de comprar o jogo para ver como ele funciona, bastaria deixá-lo de lado ao esbarrar nessa possível barreira monetária. Porém, fico pensando se vale a pena gastar meu tempo com um título assim, sendo que o mercado me oferece alternativas gratuitas muito menos agressivas, como o Path of Exile.

O que não entendo é porque a Blizzard não preferiu seguir o exemplo da Grinding Gear Games, ou melhor entendo sim. Enquanto houver um número razoável de pessoas dispostas a sustentar essas práticas, elas nunca desaparecerão e com um nome como o do Diablo por trás, certamente haverá muitos jogadores gastando pequenas fortunas no Immortal.

Fonte: GameRant

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