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Cripto mineradores inundam mercado com GPUs usadas

Desvalorização das criptomoedas leva mineradores a repassarem GPUs usadas ao público, e tiram o sono da Nvidia e AMD

2 anos atrás

Nós sabíamos que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde: a queda vertiginosa no valor das criptomoedas, incluindo Bitcoin e Ethereum, está fazendo com que muitos mineradores pulem fora do barco, e para recuperar parte do capital investido, estes estão revendendo as GPUs usadas, em geral, muito próximas da exaustão, para o consumidor final.

O aumento na disponibilidade de número de placas de vídeo usadas em sites de ecommerce já vinha sendo notado há algum tempo, mas recentemente, mineradores chineses começaram a realizar leilões via streaming, de equipamentos usados em suas antigas fazendas, incluindo dúzias e dúzias de GPUs.

Nvidia e AMD estão prestes a enfrentar concorrência pesada do mercado de GPUs usadas, mesmo estas estando com um pé na cova (Crédito: NiseriN/iStock)

Nvidia e AMD estão prestes a enfrentar concorrência pesada do mercado de GPUs usadas, mesmo estas estando com um pé na cova (Crédito: NiseriN/iStock)

De uns tempos para cá, o mercado de criptomoedas começou a dar sinais de enfraquecimento, principalmente por conta de um maior escrutínio de governos buscando regulá-lo, no que a China, outra um paraíso para mineradores, hoje não quer nem ouvir falar de Bitcoin e cia., até porque Pequim está em vias de lançar o yuan digital, logo, abaixo à concorrência.

Os mineradores e donos de Cyber Cafés da China estão entre os maiores consumidores de GPUs do mundo, mas são os primeiros, junto com os scalpers, os principais responsáveis pela loucura instalada na última década, em que adquirir uma placa de vídeo para uso próprio, por um preço decente, se tornou uma tarefa hercúlea. Mesmo os modelos de entrada mais antigos, pré-ray tracing e DLSS, são vendidas por valores muito além do que realmente valem.

Como os cripto mineradores compram todo o estoque de quaisquer GPUs disponíveis no mercado, e a procura continua alta, Nvidia, AMD e fabricantes parceiros ficaram mais do que felizes em elevar insanamente os preços de venda, que seus principais consumidores continuam a pagar sem discutir. O usuário final, seja individual ou empresas, que se virassem para pagar R$ 24 mil em uma RTX 3090 TI, ou mais de R$ 3 mil em uma absolutamente básica RTX 3060.

Isso, claro, teve consequências. Uma parte dos usuários gamer, os que não fazem questão de ter um PC da NASA, migraram para os consoles de mesa, enquanto profissionais tiveram que se virar com serviços na nuvem, ou abraçar os laptops gamer, que têm seus próprios caveats.

Porém, desde o início de 2022 o valor das criptomoedas, especialmente o Bitcoin, ainda líder, e o Ethereum, o mais viável financeiramente de ser minerado, vêm caindo sem controle, no que muita gente perdeu o interesse em gerar novas moedinhas virtuais. Como consequência, a saída de GPUs por esses consumidores está diminuindo, e finalmente, o preço médio das placas está voltando, ainda que devagar, a índices mais civilizados.

Ao mesmo tempo, tanto a Nvidia quanto a AMD sabiam o que viria a seguir: o mercado de componentes usados foi completamente inundado por GPUs usadas em mineração, com "artefatos" e outros problemas, e como o preço está lá embaixo, o consumidor compra mesmo assim.

Streaming de leilão de usuário chinês, vendendo lotes de GPUs usadas em mineração de criptomoedas (Crédito: Reprodução/Baidu)

Streaming de leilão de usuário chinês, vendendo lotes de GPUs usadas em mineração de criptomoedas (Crédito: Reprodução/Baidu)

Várias fotos de leilões organizados em streamings de vídeo começaram a aparecer no motor de busca da Baidu, sempre com usuários exibindo pilhas com centenas de GPUs usadas, para interessados em adquirir um componente mesmo sabendo que ele não está em condições pristinas de uso.

É sempre bom lembrar que GPUs usadas para gerar criptomoedas são forçadas à exaustão, operando 24/7 a 100% da potência por meses, ou mesmo anos. Em situações normais, os mineradores revendem as placas quando estas não mais servem para o propósito que as adquiriram, colocadas à venda em sites a preços irrisórios, quando comparadas a uma nova de mesmo modelo.

O grande problema é que, dado o olho gordo dos revendedores oficiais, que ignoram com prazer os preços sugeridos pelas fabricantes, o usuário médio desesperado para comprar uma GPU, vai acabar adquirindo uma usada mesmo com todos os problemas de artefatos a que tem direito, um componente que não tem muito mais tempo de vida útil e vai inevitavelmente abrir o bico logo, logo.

Não obstante, o tsunami de GPUs no mercado de usados é o pior cenário para Nvidia, AMD e fabricantes, exatamente porque os mineradores não estão comprando placas novas, e o usuário médio também não vai adquiri-las, dada a diferença de preços. Por exemplo, uma RTX 3060 Ti, que os lojistas até pouco tempo vendiam por entre US$ 700 e US$ 800, custa na mão dos cripto mineradores de US$ 300 a US$ 350. Qual você pensa que o consumidor vai comprar, mesmo considerando todos os problemas?

E claro, quando (não se) essas placas derem pau, o consumidor irá culpar o fabricante, a Nvidia e a AMD, não o revendedor que a torrou minerando Ethereum. No médio prazo, as companhias responsáveis pelos componentes ficarão com sua imagem manchada, o que pode inclusive favorecer a Intel.

No mais, essa bagunça traz um ponto positivo: os preços das GPUs estão finalmente caindo.

Fonte: Videocardz

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