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F-Zero e a pergunta de mais de US$ 40 mil

Após cansar de esperar por um novo F-Zero, fã gasta 5,6 milhões de ienes em ações da Nintendo e ganha a chance de questionar o presidente da empresa

2 anos atrás

A paixão dos fãs por uma franquia famosa costuma ser vista na criação de modificações, adaptações, remake, demakes e até documentários. Porém, o que uma pessoa apaixonada pela série F-Zero fez recentemente pode ser considerado um novo patamar quando se trata de até onde a admiração por uma obra de entretenimento pode chegar.

F-Zero

Crédito: Reprodução/Cyril Lavanant/Artstation

Conhecido no Twitter como Momiji, o fã estava cansado de esperar informações sobre o desenvolvimento de um novo capítulo para a série de corrida e assim deu início a um ousado plano. Após vender ações que possuía de outra empresa, o sujeito investiu 5,6 milhões de ienes — ou pouco mais de US$ 41 mil — na compra de 100 ações da Nintendo. Sim, ele tinha um plano.

Conforme as regras da companhia japonesa, esse número de ações seria o suficiente para garantir um lugar na reunião anual para acionistas que a Nintendo realiza. Com isso, a ideia de Momiji era aproveitar a participação para perguntar aos executivos quando finalmente teremos o retorno do F-Zero.

Porém, havia um detalhe que transformava a iniciativa numa grande aposta, já que o direito a fazer uma pergunta no encontro não estava garantido. Se a oportunidade ocorresse, ela seria apenas um “bônus”, mas o apaixonado fã decidiu arriscar.

Então, quando todos aqueles acionistas e executivos se reuniram para falar sobre o futuro da Nintendo, Momiji foi agraciado com a chance de questionar o alto escalão da companhia. Após citar alguns títulos que andam bastante esquecidos por parte da Nintendo, como Baten Kaitos, Wario Land e o próprio F-Zero, o primeiro a responder foi o próprio presidente, Shuntaro Furukawa.

“É realisticamente difícil desenvolver novos títulos e remakes, incluindo sequências, para todo jogo da Nintendo que as pessoas pedem, mas estamos muito gratos e apreciamos as expectativas que os nossos fãs têm pelos nossos jogos,” declarou o executivo.

Crédito: Reprodução/Al/Artstation

Depois foi a vez de Shinya Takahashi dar a sua resposta. Mostrando um posicionamento que de certa forma pode ser visto com mais otimismo pelos fãs, ele disse:

“Estamos sempre considerando como desenvolver novos títulos e remakes que possam ser aproveitados por muitos jogadores,” afirmou o diretor-executivo sênior. “Durante a 79.ª Assembleia Geral Ordinária de Acionistas, em 2019, fomos questionados se havia algum plano para refazermos a série Famicom Detective Club e na época, estávamos planejando um remake. Esse é um exemplo em que já estávamos desenvolvendo tal título.”

Takahashi então encerrou seu comentário afirmando que não podiam dizer se existem planos para futuros remakes de qualquer jogo específico, mas que durante o desenvolvimento eles sempre pensam sobre as várias possibilidades que poderiam nos agradar.

O que mais chamou minha atenção nesta declaração foi a ênfase dada a ideia de um remake, o que imediatamente me fez pensar no F-Zero GX. Desenvolvido pela divisão Amusement Vision da Sega e lançado para o GameCube em 2003, aquele título era tão fantástico, que continua me impressionando mesmo quase 20 anos após estrear no console.

Mantendo 60 frames por segundo, o jogo conseguia passar uma sensação de velocidade absurda, sendo que a imagem podia ser exibida na proporção 16x9 e com progressive scan. Mesmo com as pistas contando com uma neblina para garantir que o GameCube desse conta do recado, era impressionante assistir os 30 veículos disputando para saber quem chegaria na frente.

Pois toda essa qualidade técnica sempre me fez pensar que a Nintendo poderia aproveitar o que o pessoal da Sega fez com o F-Zero GX, implementar algumas melhorias na parte visual, adicionar algum conteúdo e relançar aquele ótimo jogo para o Switch. Obviamente seria um trabalho maior do que as remasterizações do Wii U que chegaram ao atual videogame da empresa, mas ainda assim seria mais simples do que criar um capítulo do zero.

Com o último lançamento da série tendo acontecido em 2004 (e só no Japão), com o F-Zero Climax para o Game Boy Advance, há quem defenda que um retorno ainda não aconteceu por falta de novas ideias. Para Takaya Imamura, que criou vários personagens para a franquia, será difícil trazê-la de volta sem a Nintendo chegar a um conceito realmente inovador.

Essa opinião segue na mesma direção do que afirmou Shigeru Miyamoto em uma entrevista em 2012. Segundo o game designer, “desde o primeiro episódio no SNES, muitos jogos foram feitos, mas a série evoluiu muito pouco.” Para ele, as pessoas se cansaram da série F-Zero e por isso o criador do Mario gostaria de saber o que queremos que eles não tenham feito antes.

F-Zero Climax, o último capítulo da série (Crédito: Reprodução/Rik Hideto/MobyGames)

Talvez Imamura e Miyamoto tenham razão em suas falas e o lançamento de um novo capítulo sem grandes novidades acabe fracassando. O que me faz duvidar disso é o impressionante número de vendas do Mario Kart 8 Deluxe. Segundo estimativa, o jogo já vendeu mais de 45 milhões de cópias no Switch e convenhamos, o que ele tem de tão inovador em relação aos outros, sendo que estamos falando de apenas uma adaptação de algo que fora lançado apenas alguns anos antes para o Wii U?

Apesar de um F-Zero não ter o mesmo apelo de um Mario Kart, acredito que as quase duas décadas que nos separam do último lançamento seriam mais que suficientes para despertar um enorme interesse no público. Então, porque não aproveitar um título tão bom quanto o F-Zero GX, lhe dar uma repaginada e usá-lo para medir o quanto as pessoas ainda adoram essa franquia?

Às vezes tenho a impressão de que a Nintendo só não ganha mais dinheiro porque não quer.

Fonte: VG247

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