Dori Prata 2 anos atrás
Apesar de muitas pessoas olharem com desconfiança para os NFTs, as tentativas de explorar os tokens não-fungíveis (e os incautos) continuam surgindo por todos os lados. A indústria de games obviamente não ficaria imune a tendência e depois de algumas desenvolvedoras se arriscarem por essas águas pantanosas, chegou a vez de conhecermos o Polium One.
Anunciado por uma empresa chamada Polium e que diz estar “construindo os produtos e a infraestrutura dos jogos para a Web3”, a promessa é de que o console seja poderoso o suficiente para rodar jogos de grande porte. Ainda assim, os seus criadores garantem que ele facilitará a vida daqueles que não entendem muito o que supostamente está por vir quando se trata do futuro da internet.
De forma resumida, Web3 ou Web 3.0 são palavras que tem sido utilizadas para descrever o que muito especulam que será a próxima evolução da internet. Com ela, espera-se a descentralização das informações, uma maior utilização da inteligência artificial e passagem do controle da internet para as mãos dos usuários.
E o que moverá as correntes dessa evolução são justamente as criptomoedas, os NFTs e os blockchains. No caso do Polium One, ele deverá contar com suporte aos “protocolos da confiança” Ethereum, Solana, Polygon, BNB, ImmutableX, Harmony, EOS e WAX.
Mas se toda essa promessa de estar preparado para a próxima fase da internet e de misturar jogos com transações financeiras te deixaram desconfiados, espere para saber o que os idealizadores do console pretendem nos entregar.
Segundo o site oficial, com o Polium One teremos gráficos em 4K, suporte a HDR, ray tracing e 120 frames por segundo, um desempeno digno de deixar Sony e Microsoft morrendo de inveja. Tudo isso numa caixinha minúscula, quase do tamanho do controle e esse periférico também merece nossa atenção.
Além de contar com suporte a feedback háptico, assim como no DualSense, outro recurso vindo direto do PlayStation 5 será um touchpad. O controle também contará com um sensor para impressões digitais, permitindo assim que as transações de criptomoedas sejam mais seguras. Eles até incluirão um botão que nos levará direto à carteira em que nossos investimentos estarão guardados.
Passemos então para os jogos, algo que pode representar o sucesso ou o fracasso de qualquer console. Apesar de uma imagem da suposta interface do Polium One mostrar títulos como Axie Infinity, Grit, Decentraland e Guild of Guardians, nenhum deles foi confirmado como compatível, com a “fabricante” dizendo apenas que está conversando com múltiplas desenvolvedoras.
Mesmo o plano de negócios para o aparelho — com apenas 15 páginas e pouquíssimas informações — indica que esse é um projeto um tanto amador. Também não ajudou eles terem mencionado no site a utilização da tecnologia TouchID (que a Apple não licencia) ou gráficos em 8K, informações que depois foram removidas.
Por fim, o fato do logo divulgado pela Polium ser praticamente idêntico ao do GameCube não foi perdoado, dando origem a uma série de brincadeiras no Twitter.
"Hey could I copy your homework?*
"Sure, just don't make it obvious" https://t.co/ddDznOPqaR pic.twitter.com/IthtigNIOZ
— Dan Entwistle (@Garcian_Smith) July 4, 2022
Diante da repercussão negativa, a empresa usou sua conta na mesma rede social para fazer alguns esclarecimentos. Novamente, ficou claro que as pessoas envolvidas nesse projeto não possuem muito conhecimento sobre como vender a sua imagem para o público. Eles disseram:
Se tudo correr conforme o divulgado, o plano da Polium fala em entregar um protótipo nos próximos meses e em enviar o videogame aos estúdios lá pela metade de 2023. Já os consumidores terão o acesso ao aparelho a partir de 2024, mas desde que adquiriam um Polium Pass. Obviamente, essa pré-venda acontecerá através de um NFT que poderá ser adquirido com criptomoedas e com dez mil unidades estando disponíveis. A intenção deles é vender um milhão de consoles, com a oferta ao grande público começando em 2025.
Como alguém que outrora cogitou adquirir um Ouya ou um Zeebo, talvez em não tenha condições de apontar o dedo a quem se interessar pelo Polium One. No entanto, há tantos indícios de que isso não dará certo, que não me surpreende a avalanche de críticas que ele tem recebido.
Talvez eu esteja apenas sendo um velho ranzinza resistindo a uma mudança inevitável, mas realmente não consigo me empolgar com a ideia de ser o “dono” de um JPG ou de um conjunto de itens num jogo. Poder comprar e vender esses tokens não-fungíveis direto do meu console? Obrigado, mas não faço a menor questão.
Contudo, com as criptomoedas e NFTs virando alvo de apostas de gigantes como Ubisoft e Square Enix, é óbvio que muitas outras empresas tentariam aproveitar esse mercado e com eles também surgirão os aproveitadores. O que lamento é que muitos cairão nesse “canto da sereia” virtual.
Fonte: Videogamer