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Zenit – o tanque de guerra russo

13 anos e meio atrás

Hoje vamos fazer uma pequena viagem pela nostalgia de um fotógrafo, que nesse caso sou eu mesmo. No dia de hoje, um amigo chegou de São Paulo e me trouxe um presente, uma câmera Zenit. Vocês que são jovens não vão se lembrar disso (aliás, eu já tenho alunos em meus cursos que nunca viram um filme fotográfico), mas para quem queria começar na fotografia nas décadas de 80 ou 90 e não tinha grana para comprar uma Pentax K1000 (campeã de vendas no mundo da fotografia), tinha que acabar se virando com um dos vários modelos da Zenit.

A câmera, fabricada na Rússia pela Krasnogorskiy zavod im. S. A. Zvereva (até 1950) e pela BelOMO (a partir da década de 70), era carinhosamente apelidada pelos fotógrafos de Tanque de Guerra. E não era para menos. O corpo inteiro era feito de metal e com curvas bem rústicas. Para falar a verdade, a primeira Zenit foi uma cópia descarada da rangefinder Zorki, que por sua vez era uma cópia descarada da Leica II. Com o tempo ganhou um espelho, prisma e se transformou em uma SLR 35mm. O bacana é que em décadas o design do equipamento pouco mudou e fez a alegria de diversos fotógrafos iniciantes que pagavam muito barato pelo equipamento.

A minha primeira câmera foi a Zenit 12XP, comprada com o suor do meu primeiro salário como funcionário registrado. A câmera era pesada, feia, totalmente manual e possuía limitações gritantes. A primeira delas era o fotômetro que teimava em parar de funcionar com poucos meses de uso. Todos que possuem a câmera reclamam desse detalhe. Existe até uma piada dizendo que como ele foi planejado na Rússia, ao atravessar o Equador ele parava de funcionar. A segunda limitação é o foco dificílimo de ser feito. Alguns modelos ainda possuíam a marcação central na lente, mas esse que estava em minhas mãos era através da nitidez da área central, o que tornava o processo muito penoso para quem não têm experiência.

câmera zenit

No mais, a câmera possuía velocidade de obturador entre 1/30 e 1/500, sendo que o 1/30 era a única velocidade de sincronismo de flash. Como era totalmente mecânica, ela não possui leitura de barra DX no filme, o que fazia com que o usuário tenha que lembrar sempre de regular no equipamento o ISO que estava sendo usado. Porém, havia pontos positivos. A existência do modo B no obturador proporcionava a captura de cenas noturnas em longa exposição e, acima de tudo, a câmera é acompanhada por uma excelente lente Helios de 50mm com abertura máxima de diafragma em f/2.0.

Que fique claro para os fotógrafos da Era Digital que no tempo da fotografia analógica (sei que muitos odeiam essa indicação) duas coisas eram importantes para uma fotografia de qualidade. A primeira era a qualidade da lente, e isso a Zenit tinha de sobra, e a segunda era a qualidade do filme fotográfico que você estava usando (isso vale até hoje para quem fotografa com filme). Ou seja, com uma câmera barata, cheia de limitações e um pouco de conhecimento, era possível fazer imagens estupendas.

Mesmo com todos esses problemas, a Zenit foi um grande aprendizado. Sempre digo que quem aprendeu a fotografar com ela consegue usar qualquer câmera fotográfica nos dias de hoje. O modelo que acabei de ganhar foi o 122K e, melhor ainda, Made in Russia. Muito bacana, já que a minha foi de um lote fabricado na Zona Franca de Manaus. É possível achar a câmera usada por preços variando de R$ 80,00 a R$ 150,00. Vale a pena pela brincadeira e pela oportunidade de aprender realmente fotografia.

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