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Book fotográfico com câmera compacta - uma epopéia

13 anos atrás

No começo da Era Digital na fotografia nós fotógrafos tínhamos um grande problema. Os equipamentos reflex eram muito caros. E quando digo caro estou me referindo a preços absurdos mesmo. Câmeras com baixa resolução e poucos recursos chegavam facilmente à casa dos 5 ou 6 mil reais. Nesse ponto se você não tinha como investir existia duas saídas: continuava trabalhando com suas câmeras de filme ou apostava em uma prosumer. As prosumers eram equipamentos interessantes. Eram uma junção entre características profissionais e amadoras. Uma câmera compacta com sensor um pouco maior, uma lente de qualidade aceitável, sapata para flash externo, algumas possuíam um contato PC para flash de estúdio e o preço era pagável. Não muito barato, mas era possível comprar sem ter que vender um rim.

Nesse caminho encontramos grandes câmeras como a Fuji S7000, a Fuji S9100, a Sony F808 e a Olympus C8080. Pode perguntar para o pessoal que passou por essa transição na fotografia se esses equipamentos não eram famosos. Porém, com a queda no preço das câmeras reflex de entrada ficou inviável manter uma concorrência e toda uma categoria de equipamentos acabou desaparecendo. Porém, na semana passada me surgiu a oportunidade de adquirir o último exemplo confiável de câmera prosumer que foi lançada no mercado. A Fuji Finepix S200EXR possui um tamanho confortável, resolução suficiente para quase todo tipo de fotografia e, o mais importante, estava barata. Sempre quis uma câmera mais em conta que pudesse substituir a minha reflex em fotos mais casuais, nas brincadeiras do fotoclube e até em algumas imagens profissionais cujo objetivo fosse a divulgação na internet. Sabe como é, só quem já quebrou um obturador sabe a dor de cabeça que isso dá.

Decidi testar o equipamento na última sexta-feira convidando duas amigas para um ensaio fotográfico simples (as fotos são essas que acompanham o texto). Duas vantagens da S200EXR são a possibilidade de fazer fotos em RAW e a sapata para flash externo que permite ligar o radio flash para uso dos flash de estúdio. Com as modelos já à vontade e com a parafernália montada, começamos a sessão de fotos. Foi utilizada a câmera da Fuji, o radio flash Cactus V4, o flash Atek 200 Master e um octobox. Ultimamente estou inclinado a trabalhar com apenas uma fonte de luz. Gosto muito das sombras geradas. Ou seja, tudo muito simples. A câmera estava em ISO 100, velocidade do obturador em 1/125 e abertura do diafragma em f/9. Regulagens obtidas com o fotômetro Sekonic L308-S.

Duas coisas incomodam na câmera para quem está acostumado com uma verdadeira reflex. A primeira é a qualidade do viewfinder eletrônico. A imagem mostrada é muito ruim. Em certo momento tentei utilizar o visor LCD para enquadramento, mas perdia muito da estabilidade da câmera ao deixar o equipamento mais afastado do rosto. A segunda coisa que irrita é a velocidade com que a câmera fica pronta para a próxima foto. Meu amigo, parece uma eternidade. Fora o fato desse tipo de câmera realmente ser mais lenta, juntamos também os arquivos RAW, que levam mais tempo para serem gravados no cartão SD. Do ponto de vista positivo, o sincronismo da sapata hot show com o disparo com radio flash foi perfeito. Nenhuma foto perdida. A lente apresentou uma qualidade razoável e permite produzir fotos com nitidez, porém com baixo conntraste. Outra observação é em relação a uma aberração cromática que aparece em algumas regiões de baixas luzes. Embora a câmera seja pequena, não é desconfortável segurá-la e uma carga de bateria é suficiente para quase 500 imagens.

Bem, terminado o ensaio vem a hora da verdade. Descarregar e editar as fotos. A primeira coisa que temos que observar é que a S200EXR se utiliza da tecnologia EXR da Fuji para produzir uma imagem RAW. Ou seja, cada pixels se associa ao pixels ao lado para produzir um maior e melhorar a captação de luz. Dessa forma, a resolução máxima cai de 12 para 6 megapixels gerando um arquivo que tem em média 21MB. Até ai tudo bem, mas depois de descarregar a câmera e tentar abrir as imagens no Lightroom eu tenho a primeira surpresa:  "arquivo não reconhecido". Como assim? A câmera foi lançada em 2009 e até agora não existe compatibilidade no Lightroom com os arquivos RAF? Uma rápida procura pela internet e vejo que essa é uma das maiores frustrações dos donos dessa câmera.

No Forum da Adobe a empresa não comenta as indagações dos usuários. Na comunidade do flickr sobre a câmera os usuários ficam tentando trocar nomes de programas que possam editar os arquivos, e o que é pior, o próprio CD que veio junto com a câmera não possui um programa que faça a edição dos arquivos RAW. Apenas temos uma ferramenta de visualização. A Fuji vendeu a câmera com a promessa de liberar uma atualização do software de edição que suportasse a edição do arquivo RAF da S200EXR no final do ano de 2009. Procurei algumas opções de edição pela net e nenhuma me agradou. Depois de utilizar o Lightroom como principal ferramenta de edição, qualquer outra coisa parece primitiva. Desisti dos softwares mais avançados e procurei as atualizações no próprio site da Fuji. Tudo que encontrei foi uma pequena atualização que permitia salvar o arquivo RAF como JPEG ou TIFF.

E vejam bem, não permitia edição nenhuma, apenas a conversão. Se não posso aplicar contraste, brilho, nitidez, saturação ou acertar o equilíbrio de branco, para que eu quero fotografar em RAW? O mais interessante é que o software converte um arquivo RAW de 22MB em um JPEG Fine de 500KB. Me senti mais seguro convertendo tudo para TIFF e ai sim editando no Lightroom da maneira mais acertada para mim. Analisando as imagens no computador conseguimos notar que a S200EXR não chega perto da qualidade de uma reflex, mas consegue trabalhar de maneira competente mesmo em situações de luz onde você precisa de um bom rendimento. Infelizmente, a Fuji matou a câmera no berço acabando com a linha. Uma boa idéia que morreu cedo. Mas, pensando bem, o fato de não conseguirmos editar o RAW com qualidade mostra que na verdade ela é uma câmera kinder Ovo, só que com uma surpresa desagradável dentro.

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