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O que a internet teria a comemorar daqui a 40 anos?

Em 29 de outubro de 1969 um computador da UCLA tentou acessar remotamente um outro computador no Stanford Research Institute. Isso mesmo, a internet completou 40 anos: o que podemos esperar para o futuro?

14 anos atrás

Há quinze anos, tive o meu primeiro contato com a internet: o PC pioneiro em casa era um 486 e o fax/modem dele rastejava a 2.400 bits por segundo (ou ~0,3 KiB/s). Uma velocidade até respeitável, considerando que, àquela época, a interface gráfica do BBS era puro texto.

Sinceramente, eu não sabia o que havia de tão especial naquele texto todo subindo no Windows 3.1 ou nos barulhos esquisitos de telefone vindos daquele PC, até porque eu não sabia distingüir aquele bocado de texto, do BBS, dos trabalhos de meu pai em programação (Cobol e Fortran). Pareciam a mesmíssima coisa, até eu ser apresentado a um shareware do Wolfenstein 3D.

Laguna_WolfensteinA_31out2009

Para mim, um moleque fascinado com o Atari e o Master System (Super Nintendo e Mega Drive só na locadora), aquilo era coisa de outro mundo, afinal o PC apenas se resumia à Paciência e Campo Minado, dois joguinhos que nunca me interessaram e pouco se distingüiam do que eu era acostumado a jogar até então.

Àquela época eu nunca havia visto um jogo tridimensional e, ainda por cima, “transportado” por outro meio diferente que não fossem os inúmeros disquetes emprestados.

Depois do Wolf3D, vieram outros sharewares, não só de jogos, mas de outros programas, sempre com a mesma expectativa: tinhamos que esperar mais de uma hora para que um arquivo com 1,39 MiB (geralmente comprimido em ARJ) chegasse ao destino, um HD com “fartos” 220 MB, e funcionasse, claro.

Laguna_Livermore_Model_A_03

Quantas vezes o download não chegava a falhar lá pelos 99%? E em quantas o modem simplesmente “caía”, o telefone tocava e o que atendíamos era um chiado horrível? Foram tantas as emoções, bixo…

Hoje, os downloads não são tão emocionantes, principalmente para quem tem uma boa conexão de acesso à internê: você simplesmente procura o conteúdo que quer no Google (ou outra ferramenta de busca), encontra os arquivos desejados numa bonita página de downloads, ora num servidor próprio, ora num Rapidshare da vida, e, dependendo do tamanho do arquivo, não dá tempo nem de tomar um banho venezuelaño, pois o arquivo solicitado já está em seu HD, pronto para o uso, seja ele qual for.

E tudo isso começou em 29 de outubro de 1969, com o estabelecimento dos dois primeiros nós do que hoje conhecemos como a internet, essa enorme teia, essa enorme rede global de computadores interconectados:

Laguna_Net4Birthday_31out2009

Naquele dia, um computador, do curso de Engenharia e Ciência Aplicada da Universidade de Los Angeles, foi programado para acessar, remotamente, um dos computadores do Stanford Research Institute, na cidade de Menlo Park.

Para tanto, o sistema tinha que enviar uma simples mensagem codificada, através de um modem com o tamanho próximo a um gabinete full-ATX, ao modem idêntico instalado no destino: a mensagem era “login”, mas a ligação caiu depois das duas primeiras letras e o acesso remoto não foi possível logo na primeira tentativa.

Laguna_fibrasoticas_31out2009

Lógico que, a partir da segunda e bem sucedida tentativa naquele mesmo dia, aquela primitiva rede de computadores, pertencente à ARPAnet, conseguiu enviar mais do que uma simples palavra codificada, afinal, se tal rede não pudesse fazer mais do que isso, não seríamos hoje mais de 1 bilhão de internautas no mundo, acessando 1 trilhão de páginas virtuais.

E tal popularidade da internê se deu graças à outros marcos, também dignos de serem comemorados ao longo desses 40 anos, colocados pelo Cony Sturm, do FayerWayer:

  • O estabelecimento do correio eletrônico, o e-mail, como uma das primeiras funções de comunicação da internê, no início da década de setenta;
  • O desenvolvimento do TCP/IP e sua posterior adoção em 1983 como protocolo padrão da ARPAnet;
  • A Wide World Web, que apareceu por volta de 1989 e seria a rede interconectada de documentos, do tipo hipertexto, que vemos hoje através dos browsers;
  • A popularização dos browsers no meio dos anos noventas, com os navegadores pioneiros Mosaic, Netscape e Internet Explorer;
  • Doom, um FPS tridimensional de enorme sucesso em downloads de sua versão shareware, possuía partidas multiplayer em rede local, recurso que evoluiria, mais tarde, para os MMOGs atuais;
  • O comércio e o modelo de negócios online trazidos com a Amazon (1995) e o eBay (1996);
  • O protocolo Wireless, em 1997;
  • Em 1998, o ainda mero mortal Google prometeu desbancar outras ferramentas de busca e cumpriu tal promessa até hoje, continuando a ser Deus líder em tal setor;
  • A “bolha das pontocom”, uma enorme crise que a internê enfrentou em 2000, com a falência, o estouro de diversas empresas online;
  • A enciclopédia colaborativa Wikipédia, online desde 2001;
  • MySpace (2002) e Facebook (2004), redes sociais pioneiras, que originaram coisas como o Orkut e o Twitter;
  • O YouTube, que desde 2005 vem aceitando vídeos, alguns “sem-noção”, das pessoas que tentam produzir o próprio conteúdo na chamada Web 2.0, onde o internauta passa de mero espectador à fonte de diversas informações, como muitos fotógrafos no Flickr;
  • Ano passado, 2008, a China se torna o país que possui mais internautas, mesmo com a dura censura chinesa;
  • E, para finalizar a enorme lista de marcos importantes na internet, temos o cloud computing, um conjunto de diversos serviços que possibilitam o armazenamento e o compartilhamento de arquivos na internê, uma nuvem que poderia disponibilizar tais documentos em qualquer lugar, desde que o usuário tenha uma boa conexão de acesso à rede, clube do qual ainda não faço parte.

 
Agora eu lhes pergunto, caros leitores do MeioBit, que novidades teríamos na internê quando ela completar os 80 anos?

  • Será que teremos algo como a Matrix, sem ser um fracasso como o Second Life?
  • A internê transmitirá ao vivo e em 3D a chegada dos terráqueos em Marte?
  • Poderemos nos teletransportar de um país a outro por e-mail?

 
Façam suas apostas, pois o futuro é dela, a internet. Ou não, caso o mundo acabe logo em 2012.

Fontes: Mashable, PC World, FayerWayer, Yahoo!, ABC News e Telegraph.

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