81% dos internautas brasileiros baixam filmes e músicas piratas

Pirataria é maior entre jovens e pessoas com salários menores.

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos

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Uma pesquisa realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) estima que pelo menos oito em cada dez internautas brasileiros fazem downloads ilegais de conteúdo protegido por direitos autorais. O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (10/5) e considera a porcentagem de pessoas que baixaram músicas ou filmes nos últimos três meses.

A pirataria é mais difundida entre usuários menos abastados e menos escolarizados. O índice de pirataria começa em 75% para a classe A, sobe para 80% na B e 83% na C, chegando a assustadores 96% nas camadas mais pobres da sociedade (classes D e E). Quanto ao grau de ensino, 92% das pessoas com ensino fundamental são consideradas piratas, número que diminui para 77% para a população com ensino superior.

Adolescentes de 10 a 15 anos, como esperado, consomem mais conteúdo ilegal – 91% foram considerados piratas online. Não é difícil entender o motivo, afinal, sem emprego e muitas vezes sem mesada dos pais, gastar dinheiro não é uma opção viável numa rede onde é possível encontrar gratuitamente discografias completas de artistas e filmes em alta definição. Outro fator que pode contribuir para esse aumento é o método de pagamento: com essa idade é difícil obter um cartão de crédito internacional para comprar conteúdo numa iTunes Store da vida.

“No Brasil, a realidade das ruas mostra que a pirataria parece ser tolerada por grande parte da sociedade, e os números aqui apresentados comprovam esta suposição”, diz o estudo. Os pesquisadores também citam a carência de salas de cinema em mais de 5 mil municípios do Brasil como um dos grandes incentivadores a pirataria de filmes. Como os títulos demoram a chegar em DVD ou Blu-ray, essas pessoas só têm a opção de viajar ou piratear.

Infelizmente ainda faltam serviços de qualidade para fornecer conteúdo a preços acessíveis no Brasil – não, pagar o valor de uma mídia física num filme ou música digital não é uma boa ideia. Nos Estados Unidos existe o Pandora, uma rádio online que toca gratuitamente músicas de acordo com seu gosto musical. O Hulu tem parcerias com canais de TV e produtores de conteúdo para exibir séries por streaming. E ainda existe o Spotify gratuito, que funciona como um Grooveshark legalizado. Pelo menos o Oi Rdio e o Netflix quebram um galho por aqui (ainda que com catálogos reduzidos).

Paulo Higa

Paulo Higa

Editor-executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. Trabalha no Tecnoblog desde 2012, viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. É coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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