Sites privados de torrents estão banindo usuários de Windows 10
Termos de uso do Windows 10 são invasivos demais, segundo os trackers privados
Termos de uso do Windows 10 são invasivos demais, segundo os trackers privados
Sites de torrent estão furiosos com a Microsoft porque os termos de uso do Windows 10 preveem medidas que afetam a privacidade, como o escaneamento dos dados do usuário. Eles se juntam à crescente preocupação sobre as condições que você tem de aceitar para usar um serviço; o último caso foi com o Spotify, em que o presidente da empresa se pronunciou a respeito de mudanças repentinas e questionáveis na política de privacidade do serviço de streaming.
Dessa vez, sites que usam tracker privado para distribuir torrents, como iTS, FSC e BB, estão emitindo comunicados para seus usuários e avisando que quem usa Windows 10 não poderá baixar arquivos. Segundo o iTS, a Microsoft tem liberdade, com o sistema, de acessar o disco local do usuário e enviar o conteúdo para um dos servidores da empresa, que o escaneia a procura de conteúdo ilegal. Leia a nota enviada aos usuários:
Muitos de vocês devem ter ouvido ou lido sobre a terrível política de privacidade do Windows 10 recentemente. Infelizmente, a Microsoft decidiu abdicar de qualquer medida de proteção de dados e apresentar tudo o que eles podem coletar não só para eles, mas também para outros. Um desses é uma das maiores empresas de combate à pirataria, chamada MarkMonitor. Entre outras coisas, o Windows 10 envia o conteúdo dos seus discos locais diretamente para os servidores deles. Obviamente isso vai muito longe e é uma ameaça séria a sites como o nosso e por isso devemos tomar providências. Desde a última quinta-feira o Windows 10 está oficialmente banido do iTS. Membros que usam o sistema serão redirecionados para um vídeo que explica detalhadamente os perigos com o objetivo de elucidar o maior número de pessoas possível.
O vídeo pode ser visto logo abaixo. Outros sites, como o BB e o FSC, consideram fazer o mesmo. Segundo o BB, há indícios de que a MarkMonitor recebe os resultados das pesquisas locais feitas no sistema assim que o Windows 10 percebe que há uma conexão P2P sendo aberta, normalmente utilizada para baixar torrents.
Essa não é a primeira suspeita de que os termos do sistema operacional são invasivos demais. Como aponta o TorrentFreak, há indícios de que o Windows 10 também compartilhe a senha da sua rede Wi-Fi com seus contatos.
Quanto ao conteúdo pirateado, também há uma preocupação de que a Microsoft passe a tomar medidas para bloqueá-lo. O Contrato de Serviços da empresa, inclusive, diz que as atualizações têm o direito desabilitar jogos ilegais. A citação abaixo é da seção 7b:
Às vezes, você precisará de atualizações de software para continuar usando os Serviços. Podemos verificar automaticamente sua versão do software e baixar atualizações do software ou das alterações de configuração, incluindo aquelas que o impedem de acessar os Serviços, jogando jogos falsificados ou usar dispositivos periféricos de hardware não autorizados.
No entanto, como o contrato vale para todos os serviços da Microsoft, é provável que ele só se limite aos jogos e serviços do Xbox. Mas não custa nada lembrar que agora você não pode mais desabilitar tais atualizações, ao menos para o Windows 10 Home.
Um dos maiores problemas desses termos de uso do Windows 10, como explica o Lifehacker, é que a linguagem que o sistema usa para explicar o que vai fazer com seus dados é bem simples, o que pode criar muita confusão. Vide, por exemplo, a seção “Conhecendo você”, que melhora a biblioteca de linguagem do Windows 10 a partir do que você digita ― suas informações sensíveis, claro, não são reveladas.
Ainda que não haja nenhuma evidência de um usuário afetado por essas medidas invasivas para conter a pirataria, há uma preocupação legítima porque tais atos estão previstos nos termos de uso. Se você não se sentir confortável com a Microsoft usando seus dados para melhorar seus serviços e a usabilidade do sistema, aqui estão as instruções para “restaurar” a sua privacidade.