Project Natick: a ideia da Microsoft para montar datacenters dentro do mar

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 1 semana
Project Natick

Você já ouviu falar de cabos submarinos. Mas, e de um datacenter compacto que pode ser instalado dentro do mar? Pois saiba que a Microsoft está trabalhando justamente nisso: trata-se do Project Natick.

A invenção é mais uma ideia da Microsoft Research, aquela divisão que vive atraindo as atenções por criar tecnologias surpreendentes. Com o Project Natick não é diferente.

O datacenter em si fica dentro de uma espécie de contêiner cujo primeiro protótipo foi batizado como Leona Philpot (personagem da franquia Halo). Olhando assim, por fora, você pensaria que esse equipamento é qualquer coisa, menos um conjunto de computadores, correto?

Mas não demora para as coisas ficarem claras. Esse contêiner foi desenvolvido para ficar dentro do mar por pelo menos dois motivos: o primeiro é que a água do oceano se encarrega de refrigerar o equipamento, dispensando o uso de ar condicionado ou outro sistema de resfriamento; o segundo é que a energia para alimentar o datacenter é gerada a partir do movimento das águas. Sensacional, não? Essencialmente, só é necessário conectar um cabo externo ao contêiner para tráfego de dados.

Para saber se a ideia funciona na prática, os pesquisadores da Microsoft testaram a Leona Philpot no litoral da Califórnia, perto da região de San Luis Obispo. No dia 10 de agosto de 2015, o contêiner foi colocado no mar a uma profundidade de aproximadamente 10 metros. Depois de 105 dias, o equipamento foi retirado da água.

Project Natick

Será que fatores como pressão da água e umidade poderiam causar algum dano ao equipamento? Cerca de 100 sensores foram instalados no contêiner para medir essas e outras condições. Nenhum deles apontou algum problema significativo: vazamentos, infiltrações, corrosão interna, enfim, nada disso foi encontrado.

Sim, isso significa que a vedação foi muita bem executada. E olha que nenhum recurso muito avançado foi usado: o contêiner é, basicamente, um tubo circular de aço revestido por um sistema de transferência de calor e fechado nas extremidades com tampas parafusadas.

Também houve monitoramento para identificar vibrações, ruídos e outros fatores que poderiam, de alguma forma, causar impacto na vida marinha existente ao redor do contêiner. Novamente, os pesquisadores não acharam nada realmente preocupante.

Os computadores também funcionaram a contento. Os equipamentos ficaram dentro de um rack recoberto com nitrogênio pressurizado para facilitar a transferência do calor gerado pelos chips.

Project Natick

Diante do sucesso dos testes, a Microsoft Research se prepara para a fase mais avançada do projeto: criar contêineres maiores — bem maiores — que podem ficar debaixo d’água por, no mínimo, cinco anos sem necessidade de manutenção.

Esse objetivo traz outros desafios. Um exemplo: esses datacenters teriam que ser equipados com servidores cujos componentes duram, comprovadamente, pelo menos cinco anos sem nenhum tipo de falha.

Outro: os engenheiros precisam aproveitar melhor o espaço interno do contêiner. Tradicionalmente, os datacenters são dispostos em fileiras de equipamentos empilhados para, entre outros fatores, facilitar o acesso a eles por equipes de manutenção. Dentro do mar isso não vai ser necessário, logo, pode-se pensar em uma nova forma de organização.

Tudo muito legal, mas qual a necessidade disso? Datacenters marítimos podem ter várias utilidades. Dá para colocá-los em um ponto estratégico para diminuir o “lag” de uma aplicação nas nuvens que atende a uma região remota, por exemplo. Os contêineres também podem ser usados para criar datacenters temporários para grandes eventos esportivos.

Enfim, propósitos não faltam. A Microsoft só não diz quando (e se) a ideia poderá efetivamente ser colocada em prática para uso real, afinal, apenas a primeira fase de testes foi concluída.

Com informações: The New York Times

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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