Você deve ter visto algumas técnicas para evitar espionagem, como tampar o microfone do notebook e colocar uma fita adesiva sobre a webcam — isso é feito, ironicamente, por pessoas como Mark Zuckerberg. Mas pouca gente lembra de outro dispositivo que pode ser utilizado para ouvir suas conversas: o fone de ouvido. Mesmo que ele não tenha microfone integrado.

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A ideia é simples: a maioria dos fones de ouvido tem pequenas membranas. Seu computador envia sinais elétricos pelo fio, e as membranas vibram para transformá-los em ondas sonoras. No entanto, isso pode ser invertido: se você já conectou um fone de ouvido por engano na entrada de áudio do PC, percebeu que ainda era possível captar som, porque a vibração das membranas era transformada pelo computador.

Pois bem: pesquisadores da Universidade Ben-Gurion do Negev, em Israel, criaram um malware experimental que consegue alterar as configurações de placas de som da Realtek — que muito provavelmente é a fabricante da sua placa. Eles demonstraram que é possível fazer a saída de áudio funcionar como uma entrada, transformando um fone de ouvido em microfone e permitindo que uma pessoa mal intencionada ouça suas conversas.

Segundo a Wired, os pesquisadores conseguiram ouvir conversas gravadas a seis metros de distância por meio de um fone de ouvido da Sennheiser. Essas gravações, claro, também podem ser comprimidas e transmitidas pela internet. Então, de posse de alguma fala constrangedora sua, um hacker pode te ameaçar e pedir que você cometa crimes, o que é muito Black M… ok, não. Mas a ameaça é real.

Talvez isso seja muito paranoico, mas, se você é uma pessoa que tampa a webcam e o microfone, lembre-se de desconectar seu fone de ouvido também.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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