China proíbe que estrangeiros façam live streaming

A proibição tem objetivo de controlar o conteúdo que os usuários podem transmitir

Jean Prado
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• Atualizado há 1 semana

O governo chinês está tentando limitar o rápido crescimento dos vídeos em live stream no país: usuários estrangeiros foram proibidos de fazer transmissões ao vivo. Segundo o Wall Street Journal, a proibição tem objetivo de controlar o conteúdo que as pessoas podem divulgar.

Nos últimos anos, como aponta esta reportagem da CNBC, os aplicativos de streaming de vídeo decolaram na China. Foram mais de 325 milhões de usuários em 2016, número equivalente a toda a população dos Estados Unidos. O dado chega quase a metade dos usuários da internet na China, que são 710 milhões, em um país de 1,35 bilhão de pessoas.

A restrição para estrangeiros começou a valer no início do ano, quando usuários de diversos aplicativos de live stream foram cortados no meio da gravação sem motivo aparente. Um usuário ucraniano recebeu um aviso de que ele havia violado as regras no Blued, popular aplicativo de paquera gay. Outros usuários do app Yizhibo, controlado pelo Twitter chinês, o Weibo, também receberam avisos semelhantes.

Para os chineses nativos, a criação de um vídeo em live streaming é permitida, mas os aplicativos devem retirar certos conteúdos a pedido do governo, e atrelar a conta dos usuários ao número de identidade de cada chinês. Como lembra o WSJ, vídeos ao vivo são imprevisíveis, então são difíceis de censurar. E, como os estrangeiros nem sempre são identificados facilmente, a proibição geral facilita o controle pelo governo.

Apesar de, pela lei, os estrangeiros poderem se candidatar para receber uma autorização do Ministério da Cultura, essa regulamentação está mal explicada. Um funcionário de um app de streaming na China disse que o governo ainda não revelou como os estrangeiros podem pegar essa autorização para fazer vídeos ao vivo. Segundo o governo, o processo deve abrir só no dia 15 de março.

Mashable explica que, por lá, os vídeos em live stream funcionam como uma espécie de YouTube. Muitos usuários, por exemplo, fazem vários tutoriais de maquiagem ou transmitem a gravação de algum jogo, tratando a atividade como um trabalho. A atenção do governo em cima desse tipo de conteúdo começou quando chineses passaram a transmitir vídeos mais delicados, como soft porn, com o intuito de ganhar dinheiro. Ao supervisionar mais de perto o que cada usuário anda transmitindo, o governo chinês tenta manter essa onda sob controle.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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