Uber

As polêmicas dos últimos meses têm feito vários nomes de peso dentro do Uber deixarem a companhia. O desligamento mais recente aconteceu no domingo (19): depois de seis meses no cargo, Jeff Jones não é mais presidente da empresa.

O até então número dois do Uber — Jones se reportava apenas ao CEO Travis Kalanick — assumiu a função em setembro de 2016 trazendo consigo a experiência acumulada como líder de marketing da Target, uma das redes varejistas mais conhecidas dos Estados Unidos.

Jones chegou com a missão de substituir Ryan Graves, que ocupava o cargo desde 2010. A mudança não seria fácil. Graves é um dos responsáveis por transformar o Uber em um fenômeno mundial. Não é por acaso que ele permaneceu na empresa para cuidar de projetos específicos, incluindo a divisão de entregas Uber Everything.

A Target executa estratégias de marketing bastante agressivas para manter a sua força nos Estados Unidos, usando inclusive recursos tecnológicos avançados para isso. Por essa razão, Jeff Jones parecia um bom nome para presidir uma companhia que tem um modelo de negócio tão disruptivo.

Entre suas missões, Jones tinha o desafio de reverter o declínio que o Uber vem experimentando. Mas a situação só piorou. Além de motoristas se queixando de mudanças nos valores cobrados e de usuários reclamando de queda de qualidade, o Uber se deparou com denúncias de assédio moral e sexual.

Jeff Jones
Jeff Jones

Um caso bastante emblemático é o da engenheira Susan Fowler. Ela usou o seu blog pessoal para explicar, com riqueza de detalhes, que deixou a empresa por não ter recebido apoio ao denunciar um gerente por assédio sexual. A empresa só viria a iniciar uma investigação depois de o caso ter ganhado o noticiário.

Embora os escândalos tenham feito Kalanick ficar em evidência — como quando ele discutiu com um motorista que se queixou de baixa remuneração —, Jones também vinha sendo pressionado. O executivo até tentou se aproximar dos motoristas para diminuir as reclamações, mas acabou acumulando críticas e mais críticas, muitas delas enviadas diretamente à sua conta no Facebook.

Para piorar a situação, não faz muito tempo que Kalanick anunciou a intenção de contratar um COO (diretor de operações) para ajudar a empresa a sair da má fase. A decisão incomodou Jones, que provavelmente viu nela um sinal de que seus serviços não estavam correspondendo às expectativas.

Travis Kalanick
Travis Kalanick

Mas foi mesmo a escalada de problemas que fez Jones jogar a toalha. Segundo uma fonte do Recode que trabalhou com ele na Target, o executivo nunca gostou de lidar com conflitos — para quem tem esse perfil, o Uber provavelmente é um dos piores lugares do mundo para se trabalhar.

E esse é apenas mais um capítulo da fase conturbada do Uber. Além dos problemas mencionados, a companhia está sendo processada por supostamente “roubar” uma tecnologia de carro autônomo do Google e não está se saindo muito bem nos testes com veículos do tipo: motoristas estão tendo que assumir a direção durante os percursos com mais frequência do que o esperado.

O momento é tão complicado que já há quem aposte que o próximo grande nome a abandonar o navio será justamente o de Travis Kalanick.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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