Este Wi-Fi por infravermelho é mais rápido, não congestiona e não sofre interferência

Paulo Higa
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• Atualizado há 1 semana

Você chegou a compartilhar arquivos com seus amigos pelo celular quando nem o Bluetooth era popular? Naquela época, as transmissões sem fio eram feitas por infravermelho e demoravam uma eternidade. Mas a mesma técnica pode ser utilizada para criar um Wi-Fi bem mais rápido que o atual — e que tem a vantagem de não ficar congestionado quando múltiplos dispositivos estão conectados.

A tecnologia, apresentada por pesquisadores da Universidade Tecnológica de Eindhoven, nos Países Baixos, é simples: ela consiste em antenas fixadas no teto que emitem luz infravermelho para os dispositivos ao alcance dos raios, como um smartphone, tablet ou notebook.

Nos testes de laboratório, foi possível chegar a uma velocidade de download de 42,8 Gb/s a uma distância de 2,5 metros da fonte, com apenas um raio. Os roteadores Wi-Fi mais caros do mercado sofrem para chegar a um décimo disso, então os primeiros resultados parecem ser bem promissores. Por enquanto, o infravermelho é utilizado apenas para download; os uploads ainda são feitos no método tradicional.

Talvez a tecnologia não substitua completamente o Wi-Fi, porque a luz infravermelho não penetra nas paredes — você precisaria ter antenas espalhadas em todos os cômodos para ter conexão na casa inteira, o que nem sempre é viável. Mas ela é bem mais inteligente que o infravermelho da década passada: as antenas monitoram a localização de cada aparelho para que, quando um deles sair do alcance de um raio, outro raio seja ativado e continue fornecendo a conexão.

Além disso, o grupo de antenas muda a direção dos raios de luz quando o comprimento da onda é alterado (não há partes móveis), então você não precisa ficar alinhando seu celular com o infravermelho para receber dados. Segundo os pesquisadores, não há perigos à visão, porque os raios têm comprimento de onda de 1.500 nanômetros ou mais (frequência de 200 THz!) e não penetram na retina.

A ideia de utilizar infravermelho para transmitir dados gera o inconveniente de ter que espalhar antenas por aí, mas traz boas vantagens. A primeira é que cada dispositivo tem o seu próprio raio de luz — ou seja, eles não compartilham a mesma capacidade e, portanto, seu Wi-Fi não fica lento se você conectar dezenas de aparelhos. A outra é que, justamente por não penetrar nas paredes, a rede do seu vizinho não vai causar interferência na sua (e vice-versa).

Os pesquisadores contam ao Phys.org que a tecnologia deve chegar ao mercado em cinco anos ou mais; os primeiros dispositivos com o Wi-Fi por infravermelho devem ser os que consomem grandes quantidades de dados, como tablets, notebooks e monitores de vídeo. Aguardemos.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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