O mercado de smartphones é dominado por iOS e Android. Ao longo dos anos, diversas alternativas tentaram desafiar esses dois sistemas, mas não conseguiram. Hoje, é a vez do Ubuntu desistir.

Mark Shuttleworth, fundador da Canonical, anunciou que interromperá o desenvolvimento do Ubuntu para smartphones. Isso também marca o fim do Unity 8, interface que prometia unir celular e PC; a versão para computadores voltará ao bom e velho Gnome.

Um dos diferenciais do Ubuntu para smartphones era a interface focada em gestos: você deslizava a partir das bordas para alternar entre apps e para abrir o menu do app atual. Também havia uma promessa de convergência entre celular e PC, muito antes do Windows 10 Mobile e do Samsung DeX.

Bastaria conectar o smartphone a um teclado, mouse e monitor e usar a interface tradicional de desktop. No entanto, os smartphones com Ubuntu foram lançados sem esse recurso; ele chegou através de uma atualização para apenas um modelo de smartphone. E poucas fabricantes apostaram no sistema (a espanhola BQ e a chinesa Meizu).

Em 2013, a Canonical até tentou lançar um smartphone via crowdfunding, mas fracassou. O Ubuntu Edge teria 4 GB de RAM, 128 GB de armazenamento e dual boot com o Android. O objetivo era arrecadar US$ 32 milhões, porém a campanha no Indiegogo nem chegou à metade disso. O projeto foi engavetado.

Shuttleworth diz no blog da Canonical:

Considerei que, se a convergência era o futuro e se pudéssemos entregá-lo como software livre, isso seria amplamente apreciado tanto na comunidade de software livre como na indústria de tecnologia… eu estava errado sobre ambas as coisas. Na comunidade, nossos esforços foram vistos como fragmentação, não inovação. E a indústria não se rendeu à possibilidade, preferindo apostar em alternativas conhecidas ou investir em plataformas próprias.

A Canonical planejava convergir a experiência do Ubuntu entre PC, tablet e smartphone com a interface Unity 8. Como isso não deu certo, a área de trabalho padrão voltará a ser o Gnome no Ubuntu 18.04 LTS, previsto para abril de 2018. (O Gnome deixou de ser o padrão em 2011, mas o usuário pode instalá-lo se quiser.)

O Unity 8 entrou em testes há anos, mas nunca era ativado por padrão porque nunca esteve 100% pronto para os usuários. Basicamente, a Canonical não é uma empresa tão grande, mas se aventurou a criar e manter sozinha uma nova interface e um novo servidor gráfico (Mir) – e ela tem outros projetos em paralelo.

Assim, a decisão da Canonical parece ser acertada, mesmo tendo demorado muito. “O que a equipe do Unity 8 entregou até agora é bonito, utilizável e sólido, mas eu respeito que o mercado e a comunidade decidam quais produtos crescem e quais desaparecem”, escreve Shuttleworth.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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