O 1Password, meu gerenciador de senhas preferido, mudou seu modelo de negócios nos últimos anos. Antes, ele era um aplicativo caro que permitia ter um cofre de senhas local ou sincronizado com alguma nuvem, como o Dropbox. Depois, os desenvolvedores lançaram uma sincronização própria por assinatura, mas mantendo o suporte a cofres locais. A versão mais nova muda isso, e os usuários não estão contentes.

A polêmica envolve o 1Password para Windows. Até a versão 4, os cofres de senhas podiam ser armazenados localmente, o que agradava os usuários mais preocupados com segurança. Mesmo a sincronização entre um computador e um smartphone podia ser feita sem contato com a internet: era possível transferir os dados pela rede local, por Wi-Fi.

No entanto, no 1Password 6 para Windows (não houve versão 5 para o sistema operacional da Microsoft), não é mais possível criar um banco local, nem mesmo ler os cofres locais já existentes. Se quiser aproveitar os recursos da nova versão, é preciso acessar suas senhas pelo 1Password 4 e então exportá-las para o serviço de nuvem do 1Password 6.

A única sugestão da desenvolvedora AgileBits é assinar o 1Password, que custa US$ 35,88 por ano para contas individuais ou US$ 59,88 para contas familiares com até cinco membros. A falta de suporte foi vista como desrespeito pelos usuários que pagaram até US$ 64,99 por uma licença vitalícia do aplicativo, na época em que a empresa ainda não oferecia o modelo de assinatura.

Os comentários no post que anuncia as novidades do 1Password 6.6 para Windows são em sua maioria de usuários reclamando da empresa. Um funcionário responde que “não está trabalhando atualmente no suporte a cofres locais”, embora seja algo que a companhia pretenda “rever no futuro”. Diz também que os usuários que desejarem continuar utilizando cofres locais podem permanecer na versão 4.

Especialistas em segurança também criticaram. Como declara um deles ao Motherboard: “Eu faço um grande esforço para manter meu computador seguro. Quando dou todas as minhas senhas para um terceiro, isso significa que eu preciso confiar neles e na segurança deles”, ressaltando que a AgileBits costumava ser fiel aos seus usuários, mas tomou uma decisão muito significativa sem ser transparente com eles.

Eu migrei para a nuvem do 1Password devido à praticidade, mas claro que essa opção não agrada todo mundo — especialmente por causa da assinatura nada barata. Como o 1Password vem se distanciando dos cofres locais, parece que a alternativa será migrar para outro aplicativo. O LastPass também guarda tudo na nuvem, então as opções são o KeePass (open source), o Dashlane (que possui uma versão grátis sem sincronização), o Enpass (que cobra apenas pelos apps móveis) e outros menos conhecidos.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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