Elon Musk alcançou um nível tão respeitável de sucesso em suas audaciosas empreitadas que, quando ele diz que “robôs poderão fazer tudo melhor do que nós”, a gente tende a acreditar. Ciente da confiabilidade que possui, o empresário vai além e frisa que esse cenário gera boas expectativas, mas também oferece riscos. É por isso que ele alerta: a inteligência artificial (IA) precisa ser regulamentada.

No sábado (15), Musk participou de um evento da National Governors Association para conversar sobre esse e outros assuntos. Como fundador da Tesla e da SpaceX, ele lembra que têm acesso às tecnologias mais vanguardistas, especialmente no que diz respeito à IA. Como tal, o empresário argumenta que deveríamos ser proativos no estabelecimento de uma regulamentação. Se formos reativos, poderá ser tarde demais.

O apelo de Musk pode parecer exagerado, mas, para ele, a IA atingirá um nível de sofisticação tão grande que permitirá que robôs atuem absolutamente em todas as áreas que, hoje, são mantidas com trabalho humano.

É óbvio que a IA deve continuar sendo aprimorada. Com ela, teremos carros autônomos circulando sob as mais diferentes condições, diagnósticos e tratamentos médicos serão feitos com mais precisão e nossas casas serão inteligentes, só para citar as vantagens mais destacadas.

Em contrapartida, Musk acredita que esse poder também permitirá que a IA comece, por exemplo, a manipular informações gerando notícias falsas ou distorcidas, assim como convencendo as pessoas a dizerem qualquer coisa para uma máquina, o que não é tão difícil: basta lembrarmos que pesquisamos de tudo no Google, mesmo assuntos que não temos coragem de tratar com outras pessoas.

Não raramente, a indústria tecnológica explora ideias cujos efeitos colaterais são remediados só mais tarde. Não deveria ser assim com a IA, mas a verdade é que os maiores nomes do setor se esforçam para desenvolver a tecnologia rapidamente, o que pode dar margem para problemas de segurança.

Como a IA será capaz de lidar com demandas críticas — o controle do espaço aéreo, por exemplo —, prevenir é melhor do que remediar, no ponto de vista de Musk. É por isso que ele defende a regulamentação: o papel fundamental dos reguladores seria o de paralisar o desenvolvimento de um projeto de IA, examinar a sua segurança e então liberá-lo ou, se necessário, exigir mudanças.

Mas esse controle não poderia ser feito pelos próprios desenvolvedores? Tecnicamente, sim. Porém, Musk lembra que as companhias sofrem pressão de investidores. Eles podem se queixar de que os concorrentes estão criando projetos de IA mais rapidamente, por exemplo. Com a regulamentação cobrindo todo o setor, nenhuma empresa que teme contrariar acionistas poderá pular as etapas de controle, portanto.

Não é tão simples assim, certamente. Uma regulamentação exige trabalho em conjunto de empresas, governos, centros de pesquisas e instituições diversas. Mas, para Musk, esse trabalho realmente precisa ser feito, do contrário, a civilização ficará sob grande ameaça.

É um tom dramático, daquele tipo que a gente ignora por padrão. Mas, no evento, Elon Musk abordou a questão com a mesma convicção com a qual fala dos projetos da Tesla e SpaceX, por exemplo. Assim, fica difícil não levar o assunto pelo menos um pouco mais a sério.

Com informações: The Verge

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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