O Firefox Quantum trouxe uma nova perspectiva para a Mozilla, mas uma ação mal planejada quase pôs tudo a perder. Ao menos essa é a impressão que usuários que se depararam com a extensão Looking Glass tiveram. Ela surgiu do nada no navegador e, por conta disso, fez muita gente suspeitar de um malware. Logo descobriu-se que tudo não passava de uma ação para promover a série Mr. Robot.

É óbvio que o desconfiômetro iria disparar. Para começar, os usuários que notaram o problema não deram permissão para a instalação da Looking Glass. Depois veio a descrição da extensão, toda em letras maiúsculas: “my reality is just different than yours”, algo como “minha realidade é simplesmente diferente da sua”, uma citação de Alice no País das Maravilhas.

Como tudo apontava para um malware possivelmente instalado via bug no Firefox, usuários começaram a relatar o surgimento da extensão em redes sociais e, principalmente, no Reddit. Pouco tempo depois, a Mozilla esclareceu que a extensão nada mais é do que uma campanha para promover Mr. Robot, mais precisamente, a recém-confirmada quarta temporada da série.

Parecia uma boa ideia, afinal, essa é uma série com temática hacker e que possui muitas referências para softwares, tecnologias e serviços online reais. Mas a ação foi conduzida de maneira desastrosa: não estava claro para os usuários que tudo não passava de uma jogada de marketing, até porque ações envolvendo extensões não são comuns.

The Green Girl doesn’t appreciate how a Firefox extension was installed today without her permission and sans notification. :: removes :: #LookingGlass pic.twitter.com/cr1aV3oECd

— The Green Girl (@runningreengirl) 13 de dezembro de 2017

A Mozilla agiu rápido para corrigir os deslizes. Além de ter se manifestado publicamente sobre a ação, a organização atualizou a extensão para incluir um texto explicando que a Looking Glass é um jogo de realidade alternativa (ARG, na sigla em inglês) que só entra em funcionamento se o usuário acioná-lo.

Mesmo assim, as críticas não cessaram. Muita gente reclamou que a Mozilla, por ser uma organização sem fins lucrativos, não deveria participar de ações desse tipo. Outros usuários entendem que esse tipo de ação ajuda a financiar o desenvolvimento do Firefox e outros softwares, mas criticam o fato de a Mozilla não ter agido com transparência desde o início.

Mas por que somente alguns usuários se depararam com a extensão? Já nas primeiras horas ficou claro que a Looking Glass foi instalada apenas nos computadores de participantes do Shield Studies, programa da Mozilla que permite ao usuário testar recursos experimentais.

fsociety

Muitos recursos disponíveis ali só podem ser instalados após a aprovação do usuário, mas os termos do programa permitem instalações automáticas. Provavelmente, o maior erro está aí: embora possa adicionar extensões automaticamente, a Mozilla deveria ter pedido permissão. É isso o que se espera de uma organização que levanta a bandeira da privacidade e segurança.

No fim das contas, parece que tudo não passou mesmo de um deslize. A Mozilla já sinalizou que aprendeu a lição.

Com informações: Mashable

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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