YouTube quer combater teorias da conspiração com links da Wikipédia

Felipe Ventura
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• Atualizado há 5 meses
Foto por Fortune Conferences/Flickr
Susan Wojcicki, CEO do YouTube

Em fevereiro, o YouTube recebeu um novo puxão de orelha porque seus algoritmos promoveram uma teoria da conspiração na seção “Em Alta”. A CEO Susan Wojcicki quer resolver isso… colocando trechos da Wikipédia em alguns vídeos.

O novo recurso, chamado “sugestões de informação”, foi revelado na conferência South by Southwest. Se você pesquisar e clicar em um vídeo de uma teoria da conspiração — por exemplo, de que o homem nunca foi à Lua — haverá um link logo abaixo sobre a missão Apollo de 1969.

Esse recurso vai incluir apenas teorias de conspiração com “debates significativos” na plataforma. “Nosso objetivo é começar com uma lista de conspirações listadas na internet e que tenham muita discussão ativa no YouTube”, disse Wojcicki na SXSW.

Isso pode ser uma dor de cabeça para os editores da Wikipédia, que teriam que lidar com uma série de teóricos da conspiração tentando editar artigos. E Katherine Maher, diretora-executiva da Wikimedia Foundation, lembra no Twitter que este é um projeto “não-comercial e voluntário”.

Wojcicki diz que a seção “sugestões de informação” usará dados de outros serviços além da Wikipédia. Ainda assim, isso parece insuficiente, porque os algoritmos do YouTube é que acabam sugerindo teorias da conspiração para os usuários.

“Por exemplo, se você procura um vídeo sobre o Holocausto, o YouTube pode recomendar que você assista outro sobre como a tragédia não aconteceu”, explica a Wired. “O sistema de recomendação não foi projetado para garantir que você esteja informado; seu principal objetivo é manter você consumindo vídeos o maior tempo possível.”

E claro, quanto mais tempo você fica no YouTube, mais dinheiro a plataforma ganha em anúncios. Talvez por isso eles não queiram modificar seu próprio algoritmo para favorecer conteúdo de fontes confiáveis — dessa forma, eles também não terão que decidir o que é real ou não.

A polêmica teve início quando o YouTube promoveu um vídeo dizendo que David Hogg, um dos sobreviventes do tiroteio que matou 17 pessoas em uma escola na Flórida, era um ator. Outros canais começaram a divulgar teorias da conspiração sobre o mesmo assunto e foram banidos.

Então, o YouTube começou a suspender canais de assuntos não-relacionados, como armas de pressão (airsoft). A empresa culpou o equívoco em seus novos moderadores humanos, e prometeu “restabelecer todos os vídeos que foram removidos por erro”.

Com informações: Wired, The Next Web.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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