WhatsApp não adotará sugestões contra fake news antes do segundo turno

De acordo com o WhatsApp, mudanças a poucos dias das eleições são impossíveis por questões técnicas

Victor Hugo Silva
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Foto por Álvaro Ibáñez/Flickr

A disseminação pelo WhatsApp de notícias falsas ligadas a eleição fez o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sugerir mudanças ao aplicativo. A Agência Lupa e especialistas da UFMG e da USP também defendem restrições para conter a desinformação.

Porém, a empresa “não tem planos” de adotar as ações sugeridas. Um porta-voz do WhatsApp afirmou à BBC News Brasil que uma mudança a poucos dias do segundo turno da eleição seria “impossível” por questões técnicas.

O WhatsApp costuma levar meses para implementar as mudanças. Primeiro, a atualização é liberada a um pequeno grupo de usuários. Depois, ela é ampliada de forma lenta e gradual. O processo só termina quando todos os usuários atualizam o aplicativo para as versões mais recentes.

A recomendação do TSE envolve a limitação na quantidade de grupos criados pela mesma pessoa e de participantes em cada grupo. O tribunal também sugere limitar o encaminhamento de mensagens de 20 para 5 pessoas ou grupos por vez, assim como o aplicativo fez na Índia.

No entanto, o porta-voz do WhatsApp lembra que os usuários na Índia “não ficaram satisfeitos” com o novo limite de encaminhamento de mensagens. Até por isso, a empresa não pensa em implementar a mudança no Brasil.

Além do “feedback dos usuários”, o WhatsApp explica que busca um “equilíbrio entre o que é liberdade de expressão e o que é violação de regras”. Na semana passada, representantes do aplicativo se reuniram com membros do TSE para tratar de mensagens falsas.

O executivos sugeriram que o tribunal adotasse o WhatsApp Business para entar em contato com os eleitores e impedir a disseminação de boatos.

WhatsApp bane agências de disparos de mensagens

Na sexta-feira (19), o WhatsApp notificou quatro agências: Quickmobile, Yacows, Croc Services e SMS Market. Elas teriam sido contratadas por empresários apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) para realizar o disparo em massa de mensagens contra a campanha de Fernando Haddad (PT).

Segundo uma reportagem da Folha de S.Paulo, os acordos com as agências chegam a R$ 12 milhões. A contratação dos serviços pode ser configurada como doação empresarial de campanha, o que é proibido pela lei eleitoral.

O WhatsApp determinou que as quatro agências parem de disparar mensagens em massa e deixem de entrar em contato com números de celulares obtidos na internet. As contas do aplicativo ligadas às empresas foram banidas.

Jair Bolsonaro, candidato a presidência pelo PSL (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O disparo em massa pelo WhatsApp é permitido, mas é preciso usar uma lista formada por pessoas que cederam seus dados para a campanha. As agências, no entanto, teriam usado bases de terceiros, com origem desconhecida.

A conta de Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, também foi bloqueada. De acordo com o WhatsApp, por “comportamento de spam”. O aplicativo afirma que o número de Flávio foi bloqueado no dia 11 e liberado no dia 14 de outubro.

Os termos do WhatsApp proíbem a “publicação de falsidades, deturpações ou alegações enganosas, envio ilegal ou não autorizado de comunicações, como mensagens em bloco, automáticas, auto-discadas; ou que envolva o uso não pessoal do serviço a menos que autorizado pela empresa”.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

Relacionados