Facebook cogitou vender acesso aos dados pessoais

Em mensagens internas, funcionários do Facebook sugeriram cobrar por APIs que davam acesso a dados pessoais

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook

Em depoimento ao Congresso americano, o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi direto ao afirmar que a empresa não vendia dados de usuários. No entanto, esta foi uma das estratégias cogitadas há alguns anos, quando a companhia ainda tinha dificuldades para aumentar sua receita.

Segundo um documento obtido pelo Wall Street Journal, o Facebook considerou entre 2012 e 2014 a possibilidade de cobrar pelo acesso às suas APIs. Com os pagamentos, as empresas poderiam seguir coletando informações de quem usava aplicativos dentro da rede social.

Como consequência, as informações dos amigos desses usuários também ficaria disponível, já que a restrição aos dados de terceiros só ocorreu em 2015. De acordo com o WSJ, o documento possui trechos de e-mails de funcionários do Facebook, mas é bastante inconclusivo.

O arquivo faz parte de um processo já arquivado aberto em 2015 por uma empresa chamada Six4Three. A companhia era a responsável por um aplicativo no Facebook – assim como o “This Is Your Digital Life”, do escândalo Cambridge Analytica.

A Six4Three acionou o Facebook por entender que, à época, a política da plataforma favorecia algumas empresas e impedia a livre concorrência.

O documento citado pela reportagem tem trechos de mensagens em que funcionários dão sugestões de como aumentar o lucro do Facebook. Uma delas previa o bloqueio do acesso aos dados para empresas que não pagassem US$ 250 mil por ano.

Facebook

Outra mensagem alertava para possíveis reações negativas da Amazon e do Royal Bank of Canada. As empresas tinham acordos importantes com o Facebook e poderiam se sentir prejudicadas com a cobrança.

No final das contas, o Facebook restringiu o acesso a dados de amigos de usuários. Anunciada em 2014, a decisão entrou em vigor em 2015, quando a rede social passou a liberar apenas as informações de quem havia dado seu consentimento.

Facebook diz que tudo não passou de uma discussão interna

Ao WSJ, uma porta-voz admitiu que o Facebook cogitou cobrar pelos dados, mas disse que a empresa preferiu não adotar o modelo. “Estávamos tentando descobrir como construir um negócio sustentável”, disse. “Tivemos muitas conversas internas sobre como poderíamos fazer isso”.

Em comunicado ao TechCrunch, a empresa afirmou que as mensagens foram apresentadas de forma enganosa e sem contexto. “Os documentos que a Six4Three reuniu para este caso infundado são apenas parte da história”.

“O Facebook nunca vendeu dados de ninguém”, disse a companhia. “Nossas APIs sempre foram gratuitas e nós nunca exigimos que desenvolvedores pagassem para usá-las, seja diretamente ou pela compra de publicidade”.

Ainda não é possível saber o alcance que essas mensagens terão. Até agora, elas mostram somente discussões sobre como aumentar os lucros de uma empresa, mas novas informações poderão ser divulgadas na próxima semana, quando os documentos do processo se tornarão públicos.

Com informações: The Verge.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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