EUA acusam hackers chineses de invadir NASA, HP, IBM e outras organizações

Dois chineses foram acusados pelos EUA de integrar o APT10, grupo hacker que teria conduzido ações de ciberespionagem em prol do governo chinês

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Bandeira - Estados Unidos

O clima de tensão entre Estados Unidos e China perdura neste fim de ano: recentemente, dois chineses foram acusados pelo Departamento de Justiça norte-americano (DOJ, na sigla em inglês) de integrar um grupo hacker que roubou dados de pelo menos 45 empresas e organizações governamentais, entre elas, NASA, HP e IBM.

Para ser mais preciso, Zhu Hua e Zhang Shilong, os dois chineses acusados, foram associados ao Advanced Persistent Threat 10 (APT10), grupo de ciberespionagem que, no entendimento das autoridades norte-americanas, trabalha em prol dos interesses do governo chinês, tendo como alvo principalmente companhias e órgãos do governo de países como Estados Unidos e Japão, além de potências europeias.

Zhu Hua e Zhang Shilong receberam três acusações: invasão de computadores, conspiração para fraude eletrônica e roubo de identidade. As investigações apontam que essas ações levaram à captura de centenas de gigabytes de dados sensíveis de organizações norte-americanas ligadas a diversas áreas: petróleo e gás, TI e comunicações, aviação, tecnologia espacial, entre outras.

No documento de acusação, apenas NASA e o Centro de Voos Espaciais Goddard foram citados como alvos do APT10, mas a Reuters aponta que HP e IBM estão entre as 45 organizações atacadas pelo grupo, bem como clientes dessas companhias.

Os ataques foram conduzidos durante vários anos — calcula-se que desde 2006, quando o APT10 foi criado, com intensificação das atividades a partir de 2014 — e usaram inclusive táticas de spear phishing: em vez de direcionar um ataque de phishing a alvos aleatórios, esse tipo de ação tem como foco indivíduos ou grupos muito específicos.

Só para dar uma ideia da sofisticação das invasões, estima-se que dados pessoais de mais de 100 mil funcionários da Marinha dos Estados Unidos tenham sido capturados. Entre esses dados estão informações de salários e seguro social.

Todas essas ações teriam como finalidade o roubo de segredos industriais, comerciais ou de segurança. Para Christopher Wray, diretor do FBI, a China quer “simplesmente substituir os Estados Unidos como superpotência líder, e eles estão usando métodos ilegais para chegar lá”.

Xi Jinping

Xi Jinping (Foto: Wikipedia)

Zhu Hua e Zhang Shilong provavelmente estão na China, portanto, é pouco provável que sejam detidos. De todo modo, o governo de Donald Trump usou como base a acusação contra eles para romper de vez um acordo firmado em 2015 entre Barack Obama e o presidente chinês Xi Jinping com o qual os dois países se comprometeram a não conduzir, um contra o outro, ataques cibernéticos e ações de ciberespionagem.

A China se defende

Por meio do seu Ministério de Relações Exteriores, o governo chinês nega os ataques e pede para os Estados Unidos retirarem as acusações sob risco de haver grande abalo nas relações entre os dois países.

O governo chinês declarou ainda que os Estados Unidos atribuem à China ações condenáveis que eles mesmo praticam.

Quer apostar quanto que 2019 vai ser um ano ainda mais tenso entre China e Estados Unidos?

Com informações: The Verge, TechCrunch.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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