Facebook afeta comportamento tanto quanto vício em drogas, diz estudo

Teste mostra que uso excessivo do Facebook e outras redes sociais pode prejudicar capacidade do indivíduo de tomar decisões adequadas

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Facebook / Con-karampelas / Unsplash

Um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Michigan indica que o uso excessivo do Facebook e outras redes sociais pode fazer usuários terem traços comportamentais típicos de viciados em drogas. Pode até parecer óbvio ou exagerado (você escolhe), mesmo assim, o estudo é interessante porque dá noção do impacto que isso pode ter no dia a dia, e não só na internet.

Existe um teste chamado Iowa Gambling Task (IGT) que é usado há muito tempo em avaliações psicológicas, psiquiátricas e neurológicas. O objetivo principal é avaliar o papel das emoções na capacidade do indivíduo de tomar decisões.

O IGT pode ser adaptado de acordo com a pesquisa a ser realizada, mas a proposta original submete a pessoa a um jogo de cartas que a fará ganhar dinheiro com escolhas boas ou perdê-lo com escolhas ruins.

Por padrão, o jogo tem quatro baralhos. O indivíduo deve escolher cartas neles ao longo de 100 rodadas. Eles são informados apenas de que alguns baralhos são piores do que outros. Os baralhos A e B têm cartas com valores altos, mas a maioria delas gera perdas de dinheiro no longo prazo. Já os baralhos C e D têm cartas que valem menos, mas proporcionam mais ganhos no longo prazo.

À medida que as rodadas avançam, o jogador vai percebendo quais baralhos são bons e ruins, e passa a fazer escolhas mais vantajosas. Porém, há pessoas que continuam optando por baralhos prejudiciais. Nesse grupo estão indivíduos que possuem algum tipo de lesão neurológica ou que sofrem influência de vícios.

Pode não fazer sentido, afinal, na primeira olhada, o IGT é um jogo de raciocínio lógico. As pesquisas apontam, porém, que os indivíduos que fazem escolhas ruins frequentemente se deixam levar pela recompensa imediata.

IGT

IGT

Aqui está o elo de ligação: eles até percebem que os baralhos A e B são desvantajosos, mas é neles que estão as cartas mais altas. O prazer de tirar uma carta dessas fala mais alto, mesmo que escolhas que geram mais perdas também sejam frequentes ali.

Esse teste já foi feito numerosas vezes com viciados em drogas como cocaína e heroína. Frequentemente, essas pessoas acabam fazendo escolhas ruins no IGT. É a primeira vez, no entanto, que o teste foi realizado com indivíduos que fazem uso excessivo do Facebook.

A experiência foi conduzida com 71 pessoas. Na primeira etapa, elas passaram por uma avaliação que mede o nível de “dependência” da rede social. Essa fase incluiu questões relacionadas à sentimentos sobre não poder acessar o Facebook ou ter que abandoná-lo, por exemplo.

Na etapa seguinte, elas foram submetidas ao IGT. Os resultados foram reveladores: os usuários classificados como mais assíduos na rede social foram os que obtiveram os piores resultados no teste, tal como viciados em substâncias químicas.

O estudo não é profundo, mas reforça os resultados de outras pesquisas que apontam que o uso excessivo do Facebook e outras redes sociais pode ter grande influência no comportamento do usuário, inclusive no “mundo real”.

Foto por USA-Reiseblogger/Pixabay

Psiquiatras e outros profissionais da saúde sabem há tempos que o abuso de drogas compromete a capacidade do indivíduo de aprender com os erros e, assim, tomar decisões adequadas, mas é um tanto surpreendente descobrir que as redes sociais podem ter o mesmo efeito.

Isso não quer dizer que as redes sociais devem ser abandonadas. Os próprios pesquisadores afirmam que elas têm benefícios. O problema é que o lado negativo desses serviços ainda não é completamente compreendido, razão pela qual o assunto requer mais estudos.

“Precisamos entender melhor esse impulso para determinarmos se o uso excessivo de redes sociais pode ser considerado um vício”, conclui Dar Meshi, líder do experimento.

Com informações: TechCrunch, Bloomberg.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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