Apple trocou 11 milhões de baterias de iPhone a preço baixo em 2018

Para Apple, programa de troca de baterias deu sobrevida a aparelhos antigos e contribuiu para deixar vendas de novos iPhones abaixo do esperado

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone 8 Plus e iPhone XS
iPhone 8 Plus e iPhone XS

No finzinho de 2017, a Apple se viu no meio de uma grande polêmica: a companhia reconheceu que reduz o desempenho de iPhones com baterias bastante usadas. Um programa global de troca de baterias foi criado para amenizar a situação. Graças a ele, 11 milhões de iPhones tiveram o componente trocado no decorrer de 2018.

A trama começou quando donos de iPhones notaram que seus aparelhos ficavam mais lentos com o passar do tempo. Pressionada, a Apple confirmou que a lentidão progressiva é intencional: a velocidade do processador é diminuída para aumentar a vida útil dos dispositivos.

Diante da chuva de críticas (e, presumivelmente, do risco de numerosos processos judiciais), a Apple criou um programa de troca de baterias válido até o fim de 2018 — a substituição do componente faz o desempenho do smartphone voltar ao normal.

O programa não era um recall, mas um serviço pago. A diferença é que a Apple diminuiu o preço da troca: nos Estados Unidos, por exemplo, o valor caiu de US$ 79 para US$ 29; no Brasil, de R$ 449 para R$ 149.

Assunto encerrado, certo? Mais ou menos. Bem no começo deste ano, a Apple revelou que vendeu menos iPhones no fim de 2018 do que esperava. A companhia atribuiu parte do problema justamente ao programa de troca de baterias: de acordo com Tim Cook, muita gente aproveitou o valor reduzido para substituir o componente em iPhones antigos e, assim, postergar a compra de modelos recentes.

Na ocasião, o que não tinha ficado claro era a quantidade de aparelhos que passaram pela troca de bateria. Essa informação veio à tona somente agora, vazada de uma reunião de Tim Cook com funcionários realizada em 3 de janeiro.

iPhone XS e iPhone XS Max

iPhone XS e iPhone XS Max

Fontes anônimas ligadas à Apple disseram a John Gruber, do Daring Fireball, que Cook relatou na reunião que 11 milhões de iPhones passaram pelo programa. Até então, a empresa costumava fazer entre um milhão e dois milhões de trocas de bateria por ano.

Os preços elevados dos modelos atuais, a competição acirrada com marcas chinesas e a desaceleração de alguns mercados provavelmente são fatores que pesaram mais no desempenho abaixo do esperado das vendas do iPhone.

Mas faz sentido que o programa de troca de bateria tenha tido alguma influência nesse cenário, ainda que mínima: 11 milhões de unidades é um número alto e sugere que muita gente realmente preferiu ficar mais tempo com aparelhos antigos, afinal, com a substituição do componente, o desempenho voltou aos padrões originais.

O detalhe mais irônico dessa história é que, provavelmente, a Apple só percebeu esse comportamento após a chegada dos iPhones XS, XS Max e XR: é possível que muita gente tenha esperado esses lançamentos para descobrir se valia mais a pena comprá-los ou recorrer à troca de bateria para manter modelos antigos por mais alguns meses.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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