Apple autoriza aplicativos “internos” com conteúdo adulto e jogos de azar

Com a aprovação da Apple para uso interno, aplicativos foram distribuídos para o público em geral

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O Facebook e o Google foram pegos há algumas semanas descumprindo regras de um programa da Apple que permite criar aplicativos para iOS sem publicá-los na App Store. A iniciativa ajuda empresas que desejam criar apps exclusivos para funcionários, mas é bastante problemática.

Uma investigação do TechCrunch apontou que a Apple deu autorização para centenas de aplicativos suspeitos. Entre eles, estão 12 apps com conteúdo pornográfico e outros 12 com jogos de azar, que não teriam a permissão concedida se estivessem sido enviados à App Store regular.

Segundo o site, eles se aproveitaram do Developer Enterprise Program para burlar regras que mantêm a loja de aplicativos aceitável para todas as idades. Para isso, os desenvolvedores pediram certificados de acesso ao programa em nome de empresas sem qualquer relação com os apps.

Entre os supostos criadores dos aplicativos pornográficos e de apostas, estavam empresas de entregas, de móveis e de motocicletas. Para completar, os desenvolvedores distribuíram seus aplicativos para o público em geral, algo proibido no programa interno.

Eles conseguiram as permissões porque as exigências feitas pela Apple não são tão grandes. A presença no Developer Enterprise Program depende apenas de um pagamento de US$ 299 e do preenchimento de um formulário.

Nele, interessados devem informar que estão criando um app para uso interno e que têm autoridade para registrá-lo. Também é necessário indicar um número de identificação da empresa, que pode ser encontrado com uma ferramenta oferecida pela própria Apple, e ter um Mac atualizado.

Em um intervalo de quatro semanas, os criadores dos aplicativos recebem uma ligação da Apple para confirmar alguns dados e finalizar o processo. Se tudo correr bem, a Apple libera, em seguida, o certificado para o programa.

Com a autorização para uso interno, diversos apps passam a divulgar links para a App Store, ainda que contem com conteúdos proibidos pela loja.

A Apple, que até então pouco fez para impedir essa prática, desabilitou alguns dos aplicativos citados pelo TechCrunch. Procurada pelo site, a empresa disse que poderá removerá de seus programas os criadores de apps que descumprirem as regras.

“Os desenvolvedores que abusam de nossos certificados violam o contrato do Developer Enterprise Program e terão seus certificados rescindidos e, se apropriado, serão removidos de nosso Programa de Desenvolvedores completamente”, disse a Apple.

A companhia não disse se acompanha a atividade dos aplicativos que participam do programa de uso interno, nem tratou da possibilidade de realizar mudanças no processo de avaliação, o que certamente seria muito bem-vindo.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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