Mães afirmam que Momo está aparecendo até mesmo no YouTube Kids; Google nega

Google diz que pais podem estar confundindo YouTube com YouTube Kids

Victor Hugo Silva
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses

O YouTube está longe de resolver os problemas de vídeos inapropriados, como aqueles que mostram a Momo. Depois de desmonetizar todos os vídeos que tratavam de seus desafios, a plataforma pode estar permitindo que crianças tenham acesso a conteúdos em que ela aparece.

É o que relatam mães e pais de crianças pequenas, que teriam assistido a vídeos infantis interrompidos pela Momo. Uma mãe em Campinas, por exemplo, afirma que sua filha de 8 anos se assustou ao ver a personagem.

A responsável afirma ter tomado conhecimento do vídeo em um grupo do WhatsApp. O material parece ser indicado para crianças no início, mas uma mudança brusca na imagem, apresenta Momo dando instruções para crianças se suicidarem.

A mãe afirma que sua filha teve acesso ao vídeo no YouTube Kids, lançado em 2016 justamente para assegurar que crianças assistam a conteúdos adequados para sua idade. O algoritmo do app, no entanto, parece ser bastante suscetível a erros.

Segundo a Revista Crescer, que publicou o relato, o YouTube Kids afirma não ter recebido nenhuma evidência recente de vídeos mostrando ou promovendo o desafio Momo para crianças. “Conteúdo dessa tipo violaria nossas políticas e seria removido imediatamente”, afirma a plataforma.

MP quer remover imagens do Google e do WhatsApp

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) enviou uma notificação para Google e WhatsApp por meio do Núcleo de Combate a Crimes Cibernéticos (Nucciber). O órgão deseja que as empresas retirem do ar as imagens que apresentem a Momo por entender que a personagem pode levar jovens a cometerem delitos como roubo de dados e extorsão.

Ao G1, o promotor Moacir Nascimento, responsável pelo Nucciber, afirmou que, até o momento, o estado não registrou casos de delitos por conta da Momo. No entanto, o MP-BA decidiu agir por conta de dimensão que os vídeos têm tomado.

YouTube Kids

“O vídeo está circulando em inglês e espanhol no WhatsApp. O que estamos buscando é que eles adotem providências para que não seja mais compartilhado”, disse o promotor. Apesar da medida, Nascimento entende que a maior responsabilidade é dos pais.

“O problema é criança e adolescente de 12, 13 anos, com smartphone, usando a internet sem nenhuma supervisão de um adulto. A boneca não causa suicídio. O que leva ao suicídio é o distanciamento dos pais e responsáveis”, afirmou.

Atualização às 19h10: ainda à Revista Crescer, o gerente de comunicação do YouTube na América Latina, Cauã Taborda,  afirmou que os filtros e os mais de 10 mil curadoras do YouTube Kids impedem que um vídeo desses fique disponível para as crianças.

Segundo ele, a avaliação humana impede falhas de métodos automáticos e se certifica que o conteúdo presente na plataforma realmente é adequado para as crianças. Como lembra a página inicial do YouTube Kids, “nenhum sistema é perfeito e pode deixar passar vídeos impróprios”.

O porta-voz da plataforma, no entanto, garantiu que este não é o caso e que o YouTube Kids não permitiu a exibição de vídeos com a Momo. Ele destaca que alguns pais podem estar confundindo o que é YouTube e YouTube Kids.

“Se um adulto estiver logado na sua conta do Youtube convencional e procurar por ‘Momo’, poderá, sim, encontrar vários vídeos em que ela aparece. O mesmo poderá acontecer com a criança, caso pegue o tablet ou o celular dos pais, com os apps logados na conta deles”, disse à Crescer.

Sobre a possibilidade de retirada de todas as imagens em que a personagem aparece, Taborda afirmou que a medida violaria a liberdade de expressão. Afinal, ela influenciaria conteúdos jornalísticos, vídeos explicativos e outras abordagens que tratam da Momo, mas não são nocivas.

Receba mais notícias do Tecnoblog na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

Relacionados