WhatsApp recebe denúncias de fake news na Índia sem oferecer checagem de fatos

WhatsApp deu a entender que iria checar informação e avisar se ela é verdadeira, mas este é somente um projeto de pesquisa

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
whatsapp na tela

Esta semana, o WhatsApp anunciou um serviço para receber denúncias de fake news na Índia, semanas antes das eleições gerais na maior democracia do mundo. A empresa deu a entender que iria checar a informação e informar o usuário se ela é verdadeira, falsa ou enganosa. Agora, ela diz que só está coletando dados para uma pesquisa sobre a disseminação de notícias falsas.

Um comunicado à imprensa diz que a linha direta Checkpoint, lançada pela startup indiana Proto, recebe mensagens suspeitas de serem fake news para “responder e informar ao usuário se a alegação é verificada ou não”.

O serviço prometia classificar a informação como verdadeira, falsa, enganosa, questionada ou fora de escopo, incluindo mais detalhes e links disponíveis sobre o assunto. Ele seria capaz de analisar rumores na forma de fotos, vídeos, links e texto, cobrindo mensagens em inglês e outros quatro idiomas locais (hindi, telugo, bengali e malaiala).

A imagem de divulgação mostra exatamente isso: o usuário envia uma mensagem sobre “perigosos raios cósmicos” para verificação, e o Checkpoint analisa a informação. Após classificá-la com falsa, o serviço manda uma imagem com a palavra “falso” e um link com mais informações.

WhatsApp coleta fake news mas não checa fatos

Então, após ser questionada pelo BuzzFeed News, a startup Proto disse que não era bem assim. Ela criou um site de perguntas e respostas, dizendo que o projeto é comissionado e auxiliado tecnicamente pelo WhatsApp; e que não se trata de uma linha direta para checar fatos — ele está apenas obtendo dados para realizar uma pesquisa sobre fake news.

“A linha direta Checkpoint é usada principalmente para coletar dados para pesquisa, e não é uma linha de ajuda que possa fornecer uma resposta para todos os usuários”, explica a Proto. “Gostaríamos de verificar todos os rumores, mas sabemos que isso não será possível, dada a diversidade de informações que receberemos e as limitações de qualquer pesquisa de verificação.”

Um porta-voz do WhatsApp diz que o comunicado inicial “não queria sugerir que todos os usuários iriam receber respostas para denúncias sobre desinformação durante a eleição na Índia”. Bem, foi exatamente isso que o comunicado sugeriu.

Foto por USA-Reiseblogger/Pixabay

Índia é maior democracia do mundo e terá eleições gerais

De um jeito ou de outro, talvez fosse tarde para o WhatsApp criar um serviço contra notícias falsas: as eleições indianas começam na semana que vem; a votação será realizada em etapas e terminará em 19 de maio.

A Índia é a maior democracia do mundo, com mais de 800 milhões de eleitores. O Facebook está tentando conter efeitos nocivos da desinformação, removendo mais de mil páginas no país por violarem regras que proíbem spam e comportamento inautêntico.

No entanto, o WhatsApp representa um desafio maior, já que as mensagens são criptografadas de ponta a ponta. Para conter fake news, o aplicativo restringiu o encaminhamento para até 5 contatos por vez, e passou a avisar se uma mensagem foi encaminhada.

A empresa também lançou uma campanha “compartilhe alegria, não rumores”, e está financiando pesquisas sobre fake news na Índia — como a que a Proto está realizando. O WhatsApp tem 200 milhões de usuários ativos no país.

Com informações: BuzzFeed News, The Next Web.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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