Uber entra com pedido de IPO e revela que faturou quase US$ 1 bi no Brasil em 2018

Uber pode ser avaliada entre US$ 90 e 100 bilhões na bolsa de valores de Nova York; Brasil é segundo maior mercado

Paulo Higa
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
iPhone / Uber / como usar código promocional uber

Demorou, mas agora é oficial: a Uber entrou com um pedido de IPO nesta quinta-feira (11) para ter suas ações negociadas na bolsa de valores de Nova York. A empresa revelou detalhes de sua operação em um documento enviado à SEC, comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos, incluindo dados até então inéditos, como o de que a operação brasileira rendeu US$ 959 milhões em 2018.

O documento confirma que o Brasil é o segundo maior mercado da Uber no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, algo que já havia sido comentado pela empresa em outras ocasiões. Houve um crescimento de 115% em relação a 2017, quando o aplicativo de transporte rendeu US$ 831 milhões no país, e aumento de 406% comparado a 2016, quando a receita foi de US$ 236 milhões.

A Uber revela que, em 2018, quase um quarto (24%) de seu faturamento com transporte veio de cinco regiões metropolitanas: Los Angeles, Nova York, São Francisco, Londres e São Paulo. No mesmo período, 15% da receita foi obtida em corridas que iniciaram ou terminaram em um aeroporto, e a expectativa da empresa é que essa fatia aumente no futuro.

Pagamento em dinheiro em corridas da Uber no Brasil é um risco

Uber

Outro trecho que menciona o Brasil diz respeito ao pagamento em dinheiro, que é apresentado como um risco aos investidores. “Em certas jurisdições como o Brasil, graves incidentes de segurança que resultaram em roubos e ataques violentos e fatais a motoristas durante o uso de nossa plataforma foram relatados. Se não formos capazes de lidar adequadamente com essas preocupações, poderemos sofrer danos significativos à reputação, o que poderia afetar negativamente nossos negócios”.

Quanto aos impostos, a Uber informou que planeja reinvestir todo o dinheiro que receber em suas próprias subsidiárias. A única exceção é o Brasil, “onde todos os ganhos acima de US$ 500 milhões serão reinvestidos indefinidamente”. O documento não deixa claro se existe algum benefício ou brecha fiscal no Brasil que permita enviar o dinheiro do país para o exterior sem tributação adicional.

Uber alerta que pode nunca ser lucrativo

Globalmente, a Uber faturou US$ 11,27 bilhões em 2018 e teve prejuízo ajustado de US$ 1,85 bilhão. A empresa deixa claro aos investidores: “Ainda não atingimos a lucratividade e, mesmo que nossa receita exceda nossas despesas diretas ao longo do tempo, poderemos não atingir ou manter lucratividade”.

No último trimestre do ano passado, cada usuário ativo fez 5,5 viagens, o que significa que aproximadamente 1,5 bilhão de corridas foram realizadas em 90 dias. Além disso, 15 milhões de usuários pediram comida pelo Uber Eats nos mais de 220 mil restaurantes cadastrados em 500 cidades.

Na oferta inicial, a Uber espera vender cerca de US$ 10 bilhões em ações, avaliando a companhia entre US$ 90 e 100 bilhões. Entre os maiores acionistas da empresa estão o cofundador Travis Kalanick, que renunciou em 2017 após acusações de roubo de propriedade intelectual, o investidor Matt Cohler e a Alphabet, dona do Google.

Receba mais sobre Uber na sua caixa de entrada

* ao se inscrever você aceita a nossa política de privacidade
Newsletter
Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

Relacionados