Ações da Uber caem 7% em estreia na bolsa de valores

Uber foi avaliada em US$ 82,4 bilhões, um dos maiores IPOs de tecnologia na história; empresa é alvo de protestos de motoristas

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Uber na bolsa de valores

A Uber está começando uma nova fase nesta sexta-feira (10): suas ações enfim estrearam na NYSE (Bolsa de Valores de Nova York), permitindo à empresa arrecadar um total de US$ 8,1 bilhões no mercado financeiro. Ela vem se expandindo para além de carros, mas ainda não atingiu a lucratividade. Este foi um dos maiores IPOs de tecnologia; no entanto, as ações estão operando em baixa de 7%.

Durante o IPO (oferta inicial pública), a Uber foi avaliada em US$ 82,4 bilhões. É bastante dinheiro, porém menos que os US$ 120 bilhões estimados por bancos e analistas financeiros há alguns meses.

Segundo o Valor, a companhia preferiu estrear por um preço mais baixo devido ao desempenho fraco dos mercados financeiros no último mês, e por causa da concorrente Lyft — cujas ações caíram 30% desde a estreia na Nasdaq em março.

Ainda assim, a Uber — sendo negociada com o símbolo UBER — realizou um dos maiores IPOs de tecnologia na história, tal como o Facebook e a chinesa Alibaba.

Ela tem 91 milhões de clientes ativos em suas plataformas, ou seja, que chamaram um carro, fizeram um pedido pelo Uber Eats ou alugaram uma bicicleta ou patinete da empresa. São 14 milhões de viagens por dia em mais de 700 cidades de seis continentes.

“Devemos sempre fazer a coisa certa”, diz CEO da Uber

O CEO Dara Khosrowshahi diz em uma carta aos funcionários sobre o IPO:

À medida que passamos de uma empresa de capital fechado para aberto, nosso trabalho sem dúvida se tornará mais difícil e todos os olhares estarão voltados para nós. Teremos uma responsabilidade ainda maior com nossos clientes, nossos acionistas, nossas cidades e uns aos outros. Com cada ação comprada, outra pessoa se juntará a nós como coproprietária da Uber — e ganharemos outra pessoa para quem devemos sempre “fazer a coisa certa, e ponto final”.

Khosrowshahi assumiu o cargo de CEO após a renúncia de Travis Kalanick, que mantinha uma cultura de assédio sexual e práticas questionáveis — como o software Greyball, usado para identificar policiais e agentes de trânsito a fim de escapar de fiscalização. Ele agora comanda um fundo de investimento chamado 10100 Fund.

Kalanick não foi convidado para o evento de hoje na NYSE, mas marcou presença mesmo assim, aparecendo com o pai e sendo recebido com aplausos. No entanto, ele saiu da bolsa de valores antes de começarem as negociações. O ex-CEO possui 117 milhões de ações da Uber, contra apenas 200 mil de Khosrowshahi.

“Ainda não atingimos a lucratividade”, diz Uber

O que vem a seguir? Bem, a Uber investe em veículos autônomos, para não ter que dividir o valor das viagens com motoristas; oferece serviços de mobilidade pessoal, como bicicletas e patinetes elétricos; e aposta em integrações com transporte público, incluindo ônibus e trem.

A empresa teve lucro líquido de US$ 997 milhões em 2018, mas avisa que não é lucrativa: esse resultado só aconteceu porque ela vendeu suas operações em oito países do Sudeste Asiático e realizou uma fusão com a Yandex.Taxi na Rússia. Considerando apenas suas atividades principais, ela teve prejuízo operacional de US$ 3 bilhões no ano passado.

“Ainda não atingimos a lucratividade e, mesmo que nossa receita exceda nossas despesas diretas ao longo do tempo, talvez não seja possível atingir ou manter a lucratividade”, diz a Uber no prospecto do IPO.

A Uber também foi alvo de protestos ao redor do mundo, inclusive no Brasil, por motoristas que querem uma remuneração melhor. Em comunicado ao Washington Post, a empresa diz: “os motoristas estão no centro do nosso serviço – não podemos ter sucesso sem eles… Quer se trate de ganhos mais consistentes, proteções maiores de seguro ou diplomas de quatro anos totalmente financiados para motoristas ou suas famílias, continuaremos trabalhando para melhorar a experiência para e com os motoristas”.

Em São Paulo, motoristas estacionaram carros antes de realizarem caravana (Foto: Victor Hugo Silva/Tecnoblog)

Em São Paulo, motoristas estacionaram carros antes de realizarem caravana (Foto: Victor Hugo Silva/Tecnoblog)

Com informações: TechCrunch, Mashable.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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