Oi avança no pós-pago mas sofre queda de receita no 1º trimestre

Operadora teve lucro líquido de R$ 568 milhões; serviços fixos seguem em queda e pós-pago ultrapassa pré-pago pela primeira vez

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Oi Fibra chega a Campinas

A Oi divulgou seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2019: a operadora apresentou um grande avanço no número de linhas pós-pagas, mas registrou receita líquida total de R$ 5,13 bilhões, queda de 9,5% no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Ela vem perdendo clientes de telefonia fixa e de banda larga enquanto se esforça para expandir sua rede de fibra óptica.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de rotina foi de R$ 1,25 bilhão, o que representa uma retração de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O lucro líquido foi de R$ 568 milhões, o que parece pouco se comparado aos R$ 30,5 bilhões registrados no primeiro trimestre de 2018. Claro, tal resultado só foi atingido após a restruturação da dívida, que converteu títulos de credores em ações da empresa. (No quarto trimestre de 2018, a Oi havia apresentado prejuízo líquido de R$ 3,3 bilhões.)

A dívida líquida foi de R$ 10,1 bilhões, tendo um aumento de 38% em relação ao ano anterior e queda de 14,5% comparando com o trimestre passado. O investimento (capex) no período foi de R$ 1,7 bilhão, valor que é 53% maior comparado ano a ano.

Fixo segue apresentando queda

O segmento fixo continua sendo a principal fonte de receitas para a Oi: no período, ela registrou receita líquida de R$ 1,88 bilhão, apresentando uma retração de 15% comparado com o ano anterior.

A operadora fechou o trimestre com 14,3 milhões de unidades geradoras de receita (UGRs), valor 8% menor que no ano anterior. E entre os serviços fixos, a telefonia tem a maior quantidade de UGRs: são 8 milhões de linhas fixas em serviço, registrando queda de 11% no ano. A banda larga fixa possui 4,7 milhões de UGRs; e a TV paga possui 1,5 milhão.

A queda na receita é justificada por conta da redução do mercado de voz fixa, entrando cada vez mais em desuso, além da concorrência em banda larga com provedores locais, que conseguem oferecer acesso via fibra óptica enquanto a Oi continua com acessos usando cobre de baixa velocidade.

A TV paga apresentou aumento de 4% na base de UGRs em relação ao ano anterior, chegando a 1,5 milhão de UGRs da Oi TV. A operadora enxerga o serviço como fundamental na estratégia de convergência do segmento residencial, visto que ela incentiva a adesão a combos com mais de um serviço.

O ARPU residencial foi de R$ 77,50, tendo queda anual de 4%. A operadora diz que o ARPU do fixo caiu em 11,4% comparado com ano anterior.

Operadora precisa de fibra para sobreviver

A fibra da Oi ainda é bem incipiente: a operadora terminou o trimestre com apenas 145 mil casas conectadas a fibra, sendo 1,7 milhão de domicílios home passed. Ela está operando atualmente com capacidade para cobrir 200 mil municípios home passed por mês.

Com a crescente queda nos acessos fixos, é certo dizer que a Oi precisa expandir a rede de fibra para conseguir sobreviver no longo prazo. Embora ela afirme ter presença com o serviço Oi Fibra em 38 municípios, em muitos deles a cobertura é muito restrita. De acordo com a apresentação aos investidores, a presença da operadora em home passed em algumas cidades ativadas é bem limitada. Veja os dados de cobertura divulgados para algumas cidades:

  • Petrópolis/RJ: 37% de domicílios home passed (ativação em fevereiro/2018)
  • Cabo Frio/RJ: 47% de domicílios home passed (ativação em junho/2018)
  • Nilópolis/RJ: 54% de domicílios home passed (ativação em agosto/2018)
  • Campos/RJ: 13% de domicílios home passed (ativação em setembro/2018)
  • Teresópolis/RJ: 15% de domicílios home passed (ativação em setembro/2018)
  • Angra dos Reis/RJ: 22% de domicílios home passed (ativação em outubro/2018)
  • Varginha/MG: 29% de domicílios home passed (ativação em outubro/2018)

A Oi enxerga a expansão da fibra importante para continuar com a oferta de serviços residenciais, além de ser uma importante infraestrutura para a expansão do 5G. Ela possui seu backhaul de fibra presente em 2.270 municípios.

Receitas do móvel pós-pago superam pré-pago

O segmento móvel da Oi fechou o primeiro trimestre de 2019 com receita de R$ 1,69 bilhão, valor que encolheu 3,9% em relação ao ano anterior. A operadora possui 34,8 milhões de unidades geradoras de receita (UGR) nos serviços de mobilidade pessoal, dos quais 26,7 milhões são linhas pré-pagas e 8,1 milhões são pós-pagas.

No pré-pago, a queda de receita é justificada pela migração do serviço de voz para dados, na redução da tarifa de interconexão, e pelo fato de que o trimestre possui menos dias úteis, o que afeta o volume de recargas.

A operadora tem o que comemorar: pela primeira vez em sua história, o pós-pago superou o pré-pago em faturamento, com 51% da receita de clientes. O número de UGRs do pós-pago cresceu em 20% comparado com o ano anterior.

O crescimento é um reflexo das estratégias de migração de clientes da base pré-paga para planos controle, além da consolidação de chips no mercado: com a queda nas tarifas de interconexão, os planos passaram a oferecer voz ilimitada para qualquer operadora, não justificando ao usuário manter mais de uma linha ativa ao mesmo tempo.

O ARPU (receita média por usuário) de serviços móveis foi de R$ 16,10. A operadora não detalha o ARPU separadamente para pré-pago e pós-pago.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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