Apple exclui HKmap, app usado em protestos, após pressão da China

O HKMap estaria descumprindo diretrizes da App Store e leis locais, mas a Apple não especificou as violações

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Apple decidiu remover o HKmap da App Store

O aplicativo adotado por manifestantes em Hong Kong foi removido da App Store. Com lógica parecida à do Waze, o HKmap tem sido usado por pessoas nos protestos para informar a localização de policiais e de ruas fechadas, mas, segundo a Apple, ele descumpriu algumas regras.

A empresa afirmou que o HKmap foi removido por violar diretrizes da App Store e leis locais, mas não especificou quais seriam as violações. No entanto, o que realmente chamou a atenção foi o fato de a decisão ter sido tomada após o China Daily, jornal ligado ao governo da China, criticar o app.

Em editorial, o veículo disse que os criadores do HKmap tinham “más intenções” ao fornecer seu serviço de navegação. “A aprovação da Apple para o aplicativo obviamente ajuda os manifestantes. Qual era sua verdadeira intenção?”.

O jornal acusou manifestantes de realizarem atos violentos e os classificou como “audaciosos”. “A Apple optou por aprovar o aplicativo na App Store em Hong Kong nesse momento. Significa que a Apple pretendia ser cúmplice dos manifestantes?”.

O China Daily ainda criticou uma faixa no Apple Music de Hong Kong que defende a independência da região e disse que a companhia deve pensar nas consequências de sua decisão “imprudente”. “Fornecer uma porta de entrada para ‘aplicativos tóxicos’ está prejudicando os sentimentos do povo chinês”.

Apple já removeu o aplicativo antes

Esta não é a primeira vez que o HKmap é removido da App Store. Ele já havia sido banido no início de outubro. Na semana passada, a punição foi revertida e, agora, o aplicativo voltou a ficar indisponível para usuários de iOS, que precisam acessar o serviço pelo navegador.

A Apple afirmou, em nota, ter descoberto que o HKmap foi utilizado de formas que colocam em risco a aplicação da lei e os residentes da região. “Muitos clientes preocupados em Hong Kong entraram em contato conosco sobre este aplicativo e imediatamente começamos a investigá-lo”.

“O aplicativo exibe a localização de policiais e verificamos com o Departamento de Crimes Cibernéticos e de Tecnologia de Hong Kong que o aplicativo foi usado para atacar e emboscar policiais, ameaçar a segurança pública e que os criminosos o usaram para vitimar moradores em áreas em que eles sabem que não há aplicação da lei”.

HKmap questiona decisão da Apple

Em seu perfil no Twitter, o serviço criticou a decisão da Apple e afirmou que não há evidências de que o app foi usado para ameaçar a segurança pública, como acusa o governo chinês.

O HKmap criticou o trecho das diretrizes da Apple que proíbe apps que “solicitam, promovem ou encorajam comportamento criminoso ou claramente imprudente” por entender que ele é vago e não deixa claro se inclui conteúdo gerado por usuários.

“O HKmap nunca solicita, promove ou encoraja atividade criminosa”, afirmou. “Temos certeza de que há conteúdos que ‘solicitam, promovem ou incentivam atividades criminosas’ no Facebook, Instagram, Safari, Telegram, Waze, WhatsApp etc. em algum momento”.

Ainda de acordo com a plataforma, a maioria dos comentários na App Store indicava que o app melhora a segurança pública, e não o contrário. Para o HKMap, a remoção é “uma decisão política de suprimir a liberdade e os direitos humanos em Hong Kong”.

“O HKMap é usado por transeuntes, manifestantes, jornalistas, turistas e até partidários do governo”, afirmou. “Pode ser difícil para as pessoas de fora imaginarem gases lacrimogêneos em seu bairro, estação de trem ou shopping, mas aproximadamente 5 mil deles foram lançados desde junho”.

Com informações: The Verge, TechCrunch.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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