TIM e Vivo confirmam interesse em comprar divisão móvel da Oi

Vivo e TIM têm interesse nas frequências da Oi, mas dependem do leilão de espectro que deve acontecer em 2020

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
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Durante a feira Futurecom 2019, executivos da TIM e Vivo confirmaram interesse em adquirir a divisão móvel da Oi. As operadoras inicialmente negaram especulações, mas agora discutem o tema abertamente: elas podem ampliar seu espectro de frequências para concorrer com a Claro, que terá capacidade maior após a incorporação da Nextel.

O CEO da Vivo, Christian Gebara, afirmou que a Vivo sempre irá analisar os ativos disponíveis no mercado, e que a operadora teria interesse em adquirir as frequências da Oi caso estejam à venda. O CEO da TIM, Pietro Labriola, disse algo semelhante: a empresa avaliará uma possível compra caso isso gere valor para os acionistas.

No entanto, ambos os executivos indicam que a aquisição estaria condicionada ao leilão 5G da Anatel que deve ocorrer no ano que vem. Gebara diz que o arremate disponibilizará licenças que também podem ser usadas com 4G, que é o caso das frequências de 700 MHz e 2,3 GHz.

A Vivo não mira na rede de telefonia fixa da Oi, enquanto a TIM considera adquirir o backhaul da operadora caso isso gere valor. Durante a divulgação de resultados financeiros, a Claro também demonstrou interesse em comprar a Oi, dependendo dos detalhes do negócio e barreiras da legislação brasileira.

Frequências da Oi seriam bem-vindas para TIM e Vivo

A aquisição do espectro da Oi seria de grande valia para qualquer uma das operadoras, que ficaram com uma disparidade de capacidade muito grande em relação à Claro por conta da compra da Nextel.

No entanto, é importante lembrar que, nas frequências entre 1 GHz e 3 GHz, a Anatel estabelece limite máximo de 172,5 MHz de capacidade por prestadora por município – podendo ser estendido para 181,12 MHz mediante autorização da agência.

Veja abaixo o espectro de cada operadora em cada região, seguido da soma das frequências. As células em amarelo representam regiões onde o limite pode ser estendido pela Anatel; e em vermelho, onde o limite é ultrapassado. Neste último caso, a operadora teria que devolver o excedente à União.

Região Espectro da TIM Espectro da Vivo Espectro da Oi Espectro de TIM + Oi Espectro de Vivo + Oi
SP (Capital) 90 MHz 90 MHz 80 MHz 170 MHz 170 MHz
SP (Interior) 90 MHz 95 MHz 90 MHz 180 MHz 185 MHz
RJ/ES 80 MHz 90 MHz 95 MHz 175 MHz 185 MHz
MG 70 MHz 90 MHz 80 MHz 150 MHz 170 MHz
PR/SC 70 MHz 90 MHz 90 MHz 160 MHz 180 MHz
RS 85 MHz 90 MHz 95 MHz 180 MHz 185 MHz
Centro Oeste, RO/AC/TO 85 MHz 90 MHz 90 MHz 180 MHz 185 MHz
Norte, MA 80 MHz 95 MHz 80 MHz 160 MHz 175 MHz
BA/SE 60 MHz 90 MHz 90 MHz 155 MHz 185 MHz
Nordeste 60 MHz 120 MHz 80 MHz 140 MHz 200 MHz

Recentemente, a TIM pediu ao Cade que restrinja o espectro da Claro, ainda que temporariamente, por conta da compra da Nextel. A aquisição não fere o limite de capacidade nas frequências entre 1 GHz e 3 GHz, mas Labriola afirma que o órgão antitruste foi acionado pois o tema não é regulatório, e sim de competição.

Com informações: TeleSíntese, Teletime.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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