Dataprev fecha 20 filiais e planeja 500 demissões antes de privatização

Dataprev encerra filiais de 20 estados em fevereiro; estatal vai concentrar atividades de data center e sistemas em 7 regiões

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses

A Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social) vai encerrar as atividades nas filiais localizadas em 20 estados, e abriu um programa de demissão voluntária para os quase 500 funcionários afetados pela medida. A empresa vai concentrar suas atividades em sete regiões, incluindo São Paulo e Distrito Federal, para reduzir os gastos. Ela é uma das estatais que entrarão em processo de privatização, assim como os Correios e a Telebras.

Dataprev

Através do PAQ (Programa de Adequação de Quadro), a Dataprev oferece incentivos para que 493 funcionários peçam demissão nas 20 filiais destes estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.

Segundo a Dataprev, essas unidades regionais “tiveram queda expressiva de produtividade devido à baixa demanda local, e passaram a funcionar apenas como núcleos administrativos, fora do escopo para o qual foram originalmente criadas”. Elas empregam 15% do total de funcionários da empresa (3.360).

Essas filiais serão fechadas até o final de fevereiro para concentrar as atividades em sete regiões consideradas estratégicas. A Dataprev possui Unidades de Desenvolvimento de Sistemas (UDs) no Ceará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina; além de três data centers localizados no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.

Os analistas de sistemas terão duas opções: pedir transferência para uma das sete regiões em que a estatal continuará atuando, ou aderir ao PAQ e receber benefícios como indenização de 25% sobre o saldo do FGTS e até 45 dias de remuneração, além das verbas rescisórias trabalhistas.

Quem trabalha em outras atividades terá que aderir ao PAQ ou será demitido unilateralmente, já que as 20 filiais vão fechar. Christiane Edington, presidente da Dataprev, disse que a empresa poderia fazer a demissão sem esses incentivos, mas preferiu adotar essa alternativa; o custo adicional é de R$ 56 milhões, que deve ser recuperado em 8 meses com a economia nos salários.

Dataprev teve lucro em 2017 e 2018

Christiane nota que o faturamento da Dataprev cresceu 13% nos últimos 3 anos, enquanto os gastos subiram 21%. (A inflação no período, medida pelo IPCA, foi de 10,7%.) A empresa quer recuperar eficiência ao promover “revisão de contratos, medidas de racionalidade nos gastos operacionais da empresa e ações de eficiência tributária”.

A Dataprev foi criada em 1974 e é atualmente vinculada ao Ministério da Economia. Uma de suas principais atividades é processar os pagamentos de 35 milhões de beneficiários do INSS, além das informações previdenciárias da Receita Federal.

Ela também gerencia o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), base de dados com 35 bilhões de dados cadastrais e laborais dos brasileiros, incluindo vínculos empregatícios, remunerações e contribuições previdenciárias.

E a estatal presta serviços para instituições financeiras privadas: “cerca de 40% das receitas da empresa já vêm do setor privado, e queremos ampliar essa participação”, diz a presidente da Dataprev. O lucro líquido em 2018 foi de R$ 150,6 milhões, aumento em relação a 2017 (R$ 136,7 milhões); o resultado financeiro do ano passado ainda não foi divulgado.

A Dataprev é uma das estatais que entrarão no processo de privatização; os estudos ainda não começaram. Enquanto isso, Correios e Telebras já estão no âmbito do PPI (Programa de Parceria de Investimentos) para decidir o modelo no qual elas serão passadas ao setor privado.

Com informações: Dataprev, TeleSíntese.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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