Viagens de Uber geram 69% mais poluição que outros meios de transporte

Uber gera até mais poluição que carro particular; pesquisadores recomendam migração para elétricos

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Uber

Estudos já apontaram que empresas de transporte por aplicativo como a Uber contribuem para piorar o trânsito das cidades. Agora, uma nova pesquisa da Union of Concerned Scientists (UCS) divulgada na terça-feira (25) ataca outro problema: a poluição gerada pelos veículos. As viagens em carros por aplicativo emitem, em média, 69% mais gases nocivos que os outros meios de transporte, como ônibus ou bicicletas, e são consideradas 47% piores para o ambiente que os carros particulares, segundo os cientistas.

O aumento na poluição ocorre principalmente devido ao deadheading, nome dado aos momentos em que o motorista trafega sem nenhum outro passageiro no carro enquanto espera por outra corrida. Além disso, as viagens por aplicativo “não substituem apenas viagens de carros particulares; em vez disso, estão aumentando o número total de viagens de carro”, dizem os pesquisadores.

Se os aplicativos de transporte não existissem, “muitos passageiros pegariam transporte público, caminhariam, andariam de bicicleta ou desistiriam da viagem”. E quanto aos táxis? O estudo diz que a maioria das descobertas também se aplica a eles — no entanto, como o táxi é regulado pelas cidades há décadas, seus efeitos negativos são minimizados devido ao limite no número de carros e aos incentivos para a migração para veículos híbridos.

E, embora a frota de carros por aplicativo seja normalmente mais nova que um automóvel particular e tenha motores mais eficientes, “os quilômetros extras associados ao deadheading resultam em maiores emissões por viagem”. Por isso, com base nas sete maiores áreas metropolitanas dos Estados Unidos, uma viagem por aplicativo gera aproximadamente 47% mais poluição que um carro particular.

Corridas compartilhadas e carros elétricos podem reduzir poluição

Qual a solução, então? Uma saída é incentivar a transição para carros elétricos e as modalidades de corrida compartilhada, como o Uber Juntos. Em conjunto, essas duas medidas poderiam resultar em 52% menos emissão de gases nocivos, em média, em comparação com uma viagem “substituída” — aquela que seria feita de carro particular, transporte público ou bicicleta, por exemplo.

Carros elétricos e corridas compartilhadas são mais eficientes, diz estudo

A pesquisa cita alguns caminhos promissores. Em Chicago, por exemplo, foi aprovada uma tarifa maior para viagens individuais em horários de pico, e uma taxa maior para corridas fora do centro da cidade, em áreas menos servidas por transporte público. E, na cidade de Denver, os usuários podem pagar o ônibus ou trem por meio do aplicativo Uber.

As duas maiores empresas de transporte por aplicativo nos Estados Unidos se pronunciaram. A Uber diz que “continuará investindo em produtos e defendendo políticas que reduzam a posse de carros, promovam mais viagens compartilhadas e apoiem uma maior adoção de bikes, patinetes, veículos elétricos e o uso de transporte público”.

Já a Lyft afirma que o estudo faz “afirmações enganosas”. A empresa diz que “incentiva o uso de corridas compartilhadas, foi a primeira empresa de transporte por aplicativo a incluir informações de transporte público e, no ano passado, fez um dos maiores lançamentos de veículos elétricos no país”.

O estudo completo e a metodologia podem ser consultados nesta página.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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