Recife rastreia 700 mil celulares para mapear isolamento social

Prefeitura de Recife diz que dados da In Loco devem ajudar na atuação de forma direcionada para evitar contágio de coronavírus

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Recife
Foto por Filipe Oliveira/Flickr

A prefeitura municipal de Recife firmou uma parceria com a empresa In Loco para coletar dados de movimentação de pessoas na cidade através de aparelhos celulares. Serão pelo menos 700 mil dispositivos monitorados para auxiliar medidas de combate ao coronavírus (Covid-19).

Segundo a prefeitura, não haverá invasão de privacidade porque os dados coletados não expõem a identidade dos cidadãos. Além disso, o município sabe que os dados não são 100% fiéis, porque algumas pessoas não usam celular, e serviços essenciais como supermercados e farmácias continuam funcionando.

A medida trará monitoramento bairro a bairro, permitindo verificar onde a orientação de isolamento domiciliar está sendo descumprida. A partir desses dados, será possível orientar carros de som e enviar notificações aos celulares para reforçar as medidas de segurança contra o coronavírus.

A TIM disse ao Teletime que não faz parte dessa iniciativa no Recife. A operadora firmou parceria com a prefeitura do Rio de Janeiro para fornecer um mapa de calor e movimentação na cidade para combater a transmissão de coronavírus.

Além disso, o Teletime apurou que a empresa In Loco tem clientes como os bancos Santander e Original, a própria operadora TIM e varejistas como Magazine Luiza e Hering; isso não significa que essas empresas auxiliam com a obtenção de dados.

Como funciona o rastreamento da In Loco

O modelo de rastreamento da In Loco consiste na integração de uma API em aplicativos de parceiros, que consegue localização com precisão indoor por meio de GPS, triangulação de redes Wi-Fi, sinal de Bluetooth e telefonia, assim como sensores de atividade.

Além de informações relevantes para o contexto de publicidade, a plataforma também consegue identificar idade, gênero, quanto tempo determinados apps ficam abertos, operadora do usuário e modelo do smartphone. O endereço de IP também é obtido, mas a plataforma omite os últimos quatro dígitos para remover precisão.

A política de privacidade da In Loco informa que os dados pessoais são armazenados por até dois anos, mas eles podem ser retidos para cumprir os próprios contratos, acordos e políticas, além de serem fornecidos para a Justiça caso requisitado. Essas informações podem ficar armazenadas em servidores no exterior.

Quem já tem instalado um app que contenha a API da In Loco integrada está automaticamente enviando dados para a empresa. Sendo assim, não é algo que o usuário precisa aceitar. Quem não se sente confortável precisa preencher um formulário de opt-out, mas não é um processo simples e requer enviar para a empresa o ID de publicidade do próprio smartphone.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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