Coronavírus: Facebook e Instagram apagam vídeo de Bolsonaro

Facebook e Instagram removem "desinformação que possa causar danos reais"; vídeo de Bolsonaro falava sobre hidroxicloroquina

Felipe Ventura
Por
• Atualizado há 1 ano

O Facebook e o Instagram removeram nesta segunda-feira (30) um vídeo publicado nos perfis oficiais de Jair Bolsonaro: nele, o presidente afirma que a hidroxicloroquina “está dando certo em tudo o que é lugar” no tratamento contra o COVID-19, causado pelo novo coronavírus. As redes sociais afirmam que isso constitui “desinformação que possa causar danos reais às pessoas”. O mesmo vídeo foi excluído pelo Twitter no domingo.

Jair Bolsonaro (Foto: Alan Santos/PR - 24/01/2019)

Um porta-voz do Facebook explica ao The Verge que o post foi excluído porque Bolsonaro diz que a hidroxicloroquina é eficaz para tratar o COVID-19; isso não foi comprovado por cientistas. No vídeo, gravado em Taguatinga (DF), o presidente afirma que “aquele remédio lá, hidroxicloroquina, está dando certo em tudo o que é lugar”.

A empresa diz em comunicado à BBC Brasil: “removemos conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade, que não permitem desinformação que possa causar danos reais às pessoas”.

No mesmo vídeo, Bolsonaro critica a quarentena, medida apoiada por especialistas de saúde; e defende que as pessoas continuem trabalhando. Ele pede para “quem tem mais de 65 ficar em casa” por acreditar na ideia do isolamento vertical, que valeria apenas para grupos de risco — e que não tem respaldo científico.

Twitter apaga posts de Bolsonaro e Maduro

Este mesmo vídeo foi removido pelo Twitter, junto a outro em que Bolsonaro volta a mencionar a hidroxicloroquina: ele afirma que um remédio contra o coronavírus “já é uma realidade”. A rede social apaga conteúdo que possa “colocar as pessoas em maior risco de transmitir COVID-19”.

Bolsonaro foi o terceiro governante a ter um post apagado pelo Twitter: o primeiro foi o aiatolá Ali Khamenei do Irã, em 2018; e o presidente venezuelano Nicolás Maduro, que recomendou uma cura caseira contra o COVID-19 com capim-santo, gengibre, pimenta-do-reino, limão e mel. Ele acusa a rede social de “censura”.

Ainda não existe um tratamento amplamente eficaz para a COVID-19. No entanto, se as pessoas acharem que isso existe, elas ficarão menos dispostas a permanecer em quarentena, piorando a propagação do vírus e prejudicando os esforços para achatar a curva de contágio.

Felipe Ventura

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. Começou no TB em 2017 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia, e hoje coordena um time de editores-assistentes e a rotina das editorias. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

Relacionados

Relacionados