Boeing desiste de comprar divisão de aviação comercial da Embraer

Embraer quer ressarcimento e diz que Boeing rescindiu acordo indevidamente; negócio criaria empresa de US$ 5,2 bilhões

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Um Embraer E190-E2 voando (lindão, né?)

A bomba do fim de semana foi a rescisão do acordo bilionário entre duas gigantes da aviação. No sábado (25), a Boeing anunciou que desistiu de comprar a área de aviação comercial da Embraer. O negócio, que criaria uma companhia de mais de US$ 5 bilhões, foi anunciado em 2018 e já sofria com especulações de que não seria concluído em meio à maior crise da história da fabricante americana.

O comunicado oficial da Boeing informa que os americanos encerraram o acordo que inicialmente criaria uma joint venture com a área de aviação comercial da Embraer e uma segunda para o desenvolvimento de novos mercados, que incluiria o cargueiro KC-390, depois rebatizado para C-390 Millenium. A Boeing diz que exerceu seu direito de encerrar o contrato após a Embraer “não atingir as condições necessárias”.

O presidente da Boeing para parceria com a Embraer, Marc Allen, diz: “Nos últimos meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas essas negociações não foram bem-sucedidas. Nosso objetivo era resolver as pendências até a data de rescisão inicial, o que não aconteceu”. A Boeing não revelou quais seriam as condições não atendidas.

Por sua vez, a Embraer acusa a Boeing de quebra indevida do contrato. Para os brasileiros, a Boeing “fabricou falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos de fechar a transação e pagar à Embraer o preço de compra de US$ 4,2 bilhões”, tendo adotado um “padrão sistemático de atraso e violações” por falta de interesse em concluir a transação, por problemas de reputação e pela crise do Boeing 737 Max, impedido de voar.

Em comunicado, a Embraer diz acreditar que está em total conformidade com as obrigações previstas no contrato e que “buscará todas as medidas cabíveis contra a Boeing pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do MTA”, como é chamado o Acordo Global da Operação.

Fim das joint ventures entre Boeing e Embraer

Pelo acordo, uma primeira joint venture com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer atuaria no segmento de aeronaves menores, com capacidades de até 130 passageiros, no qual a Embraer é líder mundial, com os ERJs e E-Jets. Inicialmente, a previsão era que o acordo fosse concluído até o fim de 2019, o que não aconteceu.

Outra joint venture, que também fracassou, teria 51% de participação da Embraer e 49% da Boeing. A parceria envolvia a produção da aeronave militar C-390 Millenium, a maior já desenvolvida no Brasil. Apesar disso, as empresas ainda manterão um acordo para comercialização e manutenção da aeronave.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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