Samsung antecipa queda no lucro com vendas fracas de celulares e TVs

Mas a divisão de memórias deverá continuar sólida no curto prazo, segundo a Samsung

Paulo Higa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Samsung Galaxy Z Flip - Hands-on

A Samsung anunciou nesta quarta-feira (29) seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2020 e já antecipou aos investidores: haverá queda no lucro nos próximos meses devido às vendas fracas de celulares e TVs em meio à pandemia de COVID-19. Em compensação, o negócio de memórias da fabricante coreana deverá permanecer sólido.

No trimestre encerrado em 31 de março, a Samsung faturou 55,33 trilhões de wons (equivalente a R$ 249,2 bilhões). Houve aumento de 5,6% em relação ao mesmo período do ano passado “devido ao crescimento da demanda por peças de celulares e servidores”. Já em relação ao trimestre anterior, a queda foi de 7,6%: a sazonalidade do negócio de telas e celulares e, claro, a pandemia de coronavírus, afetaram o resultado.

Já o lucro operacional chegou a 6,45 trilhões de wons (R$ 29 bilhões). A Samsung diz que o crescimento de 0,2 trilhão (R$ 890 milhões) em relação ao ano passado ocorreu “devido à linha de produtos aprimorada no negócio de dispositivos móveis e à diversificação adicional na base de clientes da empresa no OLED para o segmento móvel”, no qual a Apple é a maior cliente.

Divisão de memórias continua forte na Samsung, mas…

A divisão de semicondutores é a que realmente dá dinheiro para a Samsung: ela foi responsável por menos de um terço do faturamento da companhia, mas mais de 60% do lucro do trimestre. A Samsung continua na liderança do mercado de chips, depois de desbancar um reinado de 24 anos da Intel.

Apesar da pandemia, o negócio de silício da Samsung foi bem. Isso porque as empresas continuam investindo em infraestrutura de 5G e houve aumento da demanda por memórias, já que aplicações de nuvem relacionadas a trabalho remoto e educação à distância tiveram um crescimento em meio às medidas de isolamento social no mundo. O resultado deve continuar bom no segundo trimestre, segundo a Samsung.

Ainda assim, a divisão de semicondutores não deve permanecer bem por muito tempo. A demanda no segmento de celulares já caiu, o que foi compensado pelas boas vendas para data centers, que fornecem plataformas de streaming e lojas online. Mas “uma crise prolongada da COVID-19 apresenta riscos de redução geral da demanda”, diz a empresa.

Galaxy S20 Ultra vendeu bem; novos dobráveis e Note serão lançados

Samsung Galaxy S20, S20+ e S20 Ultra - Hands-on

Nos celulares, a Samsung conseguiu manter sua lucratividade especialmente devido ao aumento do preço médio de venda de seus celulares. A empresa diz que o dobrável Galaxy Z Flip teve vendas sólidas, enquanto o Galaxy S20 Ultra superou as expectativas na linha. Ambos são celulares caros, lançados por R$ 8.999 e R$ 7.999, respectivamente.

Como as vendas de celulares devem cair no segundo semestre, a Samsung adiantou os planos para lidar com a crise: “melhorar a eficiência operacional” em pesquisa e desenvolvimento, produção, fornecimento, canais e marketing, além de continuar lançando produtos no segmento premium.

A Samsung diz que lançará “novos modelos Note e dobráveis”, uma possível referência ao futuro Galaxy Note 20 e ao Galaxy Fold 2, que poderá vir com caneta S Pen e nova tela flexível com taxa de atualização de 120 Hz. Além disso, a empresa “planeja melhorar a competitividade de produtos ao expandir a adoção do 5G para celulares do mercado de massa”.

Enquanto isso, os negócios de telas e TVs deverão sofrer mais com o adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, época em que as vendas tradicionalmente sobem. Por isso, a empresa deve procurar novas oportunidades de venda em canais online e acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias, notavelmente as telas de pontos quânticos baseadas em OLED.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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