Oi perde clientes e registra prejuízo de R$ 6,25 bilhões no 1º trimestre

Oi cresce no pós-pago e fibra óptica, mas alta é insuficiente para conter queda de receita na telefonia fixa e na internet por cobre

Lucas Braga
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Oi Fibra chega a Campinas

Após um adiamento, a Oi finalmente divulgou o balanço financeiro do 1° trimestre de 2020: ela registrou queda na receita líquida e sofreu prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões. A operadora está focada na expansão da rede de fibra óptica e tem um plano para a venda de ativos, incluindo a divisão de telefonia celular.

Veja os destaques financeiros do 1° trimestre de 2020 e a comparação com o mesmo período de 2019:

Indicador 1° trimestre de 2020 1° trimestre de 2019 Diferença
Lucro (Prejuízo) líquido consolidado -R$ 6,25 bilhões R$ 679 milhões -1.021,4%
Receita líquida total R$ 4,7 bilhões R$ 5,08 bilhões -7,6%
EBITDA de rotina (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) R$ 1,48 bilhão R$ 1,61 bilhão -8,3%
Margem EBITDA 31,5% 31,8% +1,6 p.p
Dívida líquida R$ 18,13 bilhões R$ 10,10 bilhões +79,4%
Capex (investimentos) R$ 1,79 bilhão R$ 1,72 bilhão +4,0%
Unidades Geradoras de Receita (acessos) 52,65 milhões 56,62 milhões -7,0%

O prejuízo líquido certamente chama atenção: a diferença em relação ao ano anterior ultrapassa a casa dos 1.000%. A Oi afirma que foi bastante impactada pela variação cambial no período.

Oi tem queda na receita fixa, mas avança em fibra óptica

No segmento residencial, a Oi teve redução em 12% na receita, com retração principalmente na banda larga xDSL/cobre (-26%) e TV DTH/via satélite (-6,4%). Ela perdeu 3,49 milhões de unidades geradoras no xDSL (-28%), enquanto a base de TV por satélite encolheu 16%.

Por outro lado, a receita de serviços entregue por fibra óptica cresceu 712%, atingindo R$ 194 milhões. O número ainda está longe de cobrir as perdas do cobre, mas a operadora terminou o trimestre com 1,7 milhões de acessos, dos quais a maioria são de internet via fibra óptica/FTTH (845 mil) e telefonia fixa (792 mil), além de 67 mil acessos IPTV.

No total, a Oi mantém 889 mil casas conectadas por fibra, contra 134 mil no ano anterior (+565%). A taxa de ocupação da rede é de 17%, e a operadora terminou o mês de abril com 5,99 milhões de domicílios home passed (casas atingidas pela cobertura de fibra).

Ainda que os números impressionem, a rede de fibra da Oi atinge apenas uma pequena parcela de sua cobertura. Nas primeiras 81 cidades com implementação de FTTH, ela registrou 12% na receita total de banda larga. Nos municípios sem fibra, a Oi teve queda de 14% na receita, grande parte perdida para operadoras regionais.

No comunicado ao mercado, a Oi informa que “reduziu os incentivos de vendas de serviços ligados ao cobre”. Na verdade, ela revelou anteriormente ao Tecnoblog que interrompeu a comercialização de banda larga na rede legada, com novos acessos de internet fixa apenas na fibra óptica.

Oi tem alta no pós-pago e queda no pré-pago

A receita líquida de serviços móveis caiu 2,5% no comparativo anual. A operadora sofreu queda de 12,8% na receita do pré-pago e desconectou 9,8% da base de clientes; enquanto isso, o pós-pago cresceu 12,2% na receita e 20,6% nas unidades geradoras de receita.

Com planos agressivos, a Oi tem conseguido crescer a base pós-paga. Isso acaba gerando valor para a venda do braço móvel: ela estabeleceu preço mínimo de R$ 15 bilhões para 100% das ações da UPI Ativos Móveis. Claro, TIM e Vivo já demonstraram publicamente interesse na aquisição da Oi Móvel.

A Oi encerrou o período com cobertura 4G em 1.023 municípios, 3G em 1.650 cidades, e 2G em 3.498 municípios. Ela está fazendo lentamente o refarming da frequência de 1.800 MHz para o 4G, utilizada previamente pela rede 2G.

Oi deve vender torres, datacenters e participação na fibra

Além da divisão móvel estipulada em R$ 15 bilhões, a Oi deve formar outras três unidades para venda. Ela espera vender a UPI Torres por R$ 1 bilhão e 5 datacenters por R$ 325 milhões.

A criação da UPI InfraCo, responsável pelas redes FTTH e por contratos de atacado, deve atrair sócios para a operadora, que espera vender entre 25% a 51% do capital. Isso permitirá que a nova rede seja neutra e outros concorrentes consigam ofertar o serviço nas mesmas áreas cobertas pela Oi Fibra.

A operadora quer se posicionar como provedor de atacado, oferecendo soluções de fibras para cidades, provedores e torres de telefonia, já mirando na chegada do 5G no Brasil. No primeiro trimestre, a Oi firmou parceria com a Mob Telecom para operação conjunta em projetos de banda larga no modelo de franquias, permitindo reduzir custos de investimento.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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