Uber Eats tem golpe dos 10 minutos que deixa clientes sem comida e dinheiro

Exclusivo: mecanismo do Uber Eats abre espaço para entregadores ficarem com pedido de clientes sem direito a reembolso

Paulo Higa
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• Atualizado há 8 meses
Uber Eats

Usuários do Uber Eats estão sendo vítimas de um golpe aplicado por alguns entregadores mal intencionados: o aplicativo informa que o entregador tentou entrar em contato com o cliente e não obteve sucesso, por isso, o pedido foi cancelado depois de 10 minutos, sem direito a reembolso. A comida não é entregue e o dinheiro pago antecipadamente não é estornado pela empresa, conforme apurou o Tecnoblog.

O aplicativo possui um procedimento padrão para entregas malsucedidas: caso um entregador não encontre o cliente no local indicado, deverá acioná-lo por telefone. A partir daí, uma contagem regressiva de 10 minutos é iniciada. Quando o tempo se esgota, sem a realização da entrega, o pedido poderá cancelado sem reembolso, uma vez que a comida já foi preparada pelo restaurante.

No entanto, golpistas podem ativar o timer de 10 minutos do Uber Eats mesmo sem completar a tentativa de contato telefônico. Nesse caso, a comida não volta para o restaurante, a entrega não é realizada e o entregador fica tanto com o valor da entrega quanto com o pedido da vítima. Ao entrar em contato com o suporte da Uber, clientes não conseguem o reembolso pelo serviço não prestado.

Uber Eats / golpe dos 10 minutos

Suporte do Uber Eats não reembolsa pedidos cancelados

Os relatos do golpe dos 10 minutos existem há meses, mas se intensificaram em meio à pandemia, com o aumento nos pedidos de delivery. O analista de suporte Vinícius Ramos foi uma das vítimas. Ao Tecnoblog, ele comenta que pediu comida em um “restaurante bem próximo” ao condomínio onde mora, mas não recebeu a entrega e nem o reembolso da Uber, que alegou que o entregador seguiu as políticas.

“Estranhei o fato da portaria não ter interfonado, que é o procedimento padrão. Chegando na portaria não tinha nenhum entregador me aguardando, esperei alguns minutos (…) quando peguei meu celular, meu pedido havia acabado de ser cancelado porque o entregador não me encontrou. O fato do restaurante ser próximo é importante, porque o GPS tem uma margem de erro e, mesmo sem ele estar no ponto do endereço, o Uber Eats identifica que esteve lá”, diz Ramos.

Uber Eats / golpe dos 10 minutos

Um caso semelhante foi relatado pelo UX designer Diego Silva. “Detalhe que meu prédio tem porteiro 24 horas, então seria impossível ele ter chegado ao endereço e não ter ninguém para receber o pedido. Tentei contato e o que eles enviam são respostas automáticas, dizendo que o entregador tentou entregar e esperou no local por 10 minutos”, comenta.

Aos clientes afetados, o suporte da Uber explica que os entregadores tentaram contato. “Verificamos seu pedido e não foi possível efetuar o reembolso porque, quando o parceiro de entrega chegou no seu endereço, ele tentou entrar em contato diretamente com você e aguardou por mais de 10 minutos e não teve sucesso”, diz uma mensagem de suporte obtida pelo Tecnoblog.

Uber diz que entregadores podem ser desligados

O Tecnoblog procurou a Uber para comentar o caso. Em nota, a empresa diz que possui medidas de proteção contra fraudes e que o sistema de avaliações é a maneira mais eficaz de mensurar a qualidade do serviço prestado. Segundo a Uber, uma equipe de suporte que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, pode ser acionada pelo aplicativo e analisará cada caso.

“Parceiros com sucessivas avaliações negativas podem, inclusive, ter as contas desativadas da plataforma. Parceiros que descumprem os Termos de Uso da plataforma (por exemplo, com seguidos cancelamentos injustificados, denúncias de extravio de pedidos ou tentativas de fraude) também estão sujeitos à desativação”, diz a Uber em comunicado.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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