Qualcomm quer vender chips 5G para celulares da Huawei

Qualcomm estaria tentando obter autorização do governo dos EUA para vender chips para celulares 5G da Huawei

Emerson Alecrim
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• Atualizado há 2 anos
Snapdragon 690 (Imagem: Divulgação/Qualcomm)

Por causa das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, nenhuma empresa americana pode fornecer chips à Huawei. A Qualcomm estaria, no entanto, pressionando a administração Trump para “pegar leve” com as restrições: a companhia quer que seus chips 5G equipem celulares da marca chinesa.

As tais sanções existem desde 2019 e impedem a Huawei de negociar com empresas americanas. É por isso que linhas como Huawei P40 não têm Play Store e outros serviços do Google, por exemplo.

Em maio deste ano, as restrições foram renovadas e, de certo modo, ficaram mais severas. Por conta delas, a TSMC se viu impedida de produzir chips para a Huawei — embora tenha sede em Taiwan, a TSMC segue as regras do Departamento de Comércio dos Estados Unidos por utilizar tecnologia americana na fabricação de processadores.

O efeito disso já está sendo sentido: sem fornecedor, a Huawei anunciou que deixará de produzir os chips Kirin que equipam os seus smartphones mais avançados.

A Qualcomm poderia vir em socorro, mas, por ter sede nos Estados Unidos, não pode fechar negócio com a Huawei. Dá para imaginar a frustração de ambos os lados: a Huawei por não ter fornecedor; a Qualcomm por não poder vender para a empresa que, no segundo trimestre, figurou como a maior fabricante de celulares do mundo.

É nesta parte da história que estaria rolando um “lobby”. De acordo com o Wall Street Journal, a Qualcomm teria afirmado a legisladores americanos que proibir o fornecimento de chips à Huawei não impediria esta de obter componentes com companhias estrangeiras.

Huawei Nova 5T - Review

Com base nesse argumento, a Qualcomm estaria tentando obter autorização da administração Trump para fornecer chips para celulares 5G da Huawei, do contrário, esse mercado, que tem valor estimado em US$ 8 bilhões por ano, ficaria predominantemente nas mãos de rivais estrangeiros — sobretudo Samsung e MediaTek, que vem se valorizando no mercado.

A Qualcomm também teria argumentado que a autorização a faria obter bilhões de dólares em vendas, dinheiro que a ajudaria a financiar o desenvolvimento de novas tecnologias.

Como o clima de tensão entre Estados Unidos e China só aumenta, parece improvável que a argumentação da Qualcomm tenha efeito. Mas há uma chance: se por um lado a administração Trump implica cada vez mais com companhias chinesas, por outro lado, se mostra disposta a flexibilizar restrições comerciais se isso beneficiar a saúde financeira de empresas americanas.

Resta saber o que irá pesar mais nesta história.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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