Uber é obrigada a tratar motoristas como funcionários na Califórnia

A Justiça da Califórnia obrigou Uber e Lyft a se adequarem a lei estadual a partir de 20 de agosto; empresas devem recorrer da decisão

Victor Hugo Silva
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Aplicativo Uber - motorista

A Justiça da Califórnia concedeu uma liminar que obriga Uber e Lyft a classificarem os seus motoristas no estado como funcionários, e não como prestadores de serviço. Apresentada na segunda-feira (10) e válida a partir de 20 de agosto, a decisão ainda pode ser alvo de recursos das duas empresas, mas pode forçá-las a garantirem direitos aos trabalhadores que utilizam suas plataformas.

A liminar foi concedida pelo juiz Ethan Schulman, do Tribunal Superior da Califórnia em San Francisco. Ele atendeu ao pedido do procurador-geral da Califórnia, Xavier Becerra, e dos procuradores das cidades de Los Angeles, San Francisco e San Diego, que apontam uma violação de Uber e Lyft à chamada Assembly Bill 5 (AB5), uma lei trabalhista do estado que entrou em vigor no início deste ano.

Ela determina que trabalhadores devem ser classificados como funcionários caso empresas controlem como eles realizam as atividades e caso o trabalho faça parte da rotina diária dos profissionais. O procurador-geral da Califórnia pediu que Uber e Lyft sejam forçadas a se adequarem imediatamente, enquanto as plataformas afirmam que motoristas preferem atuar como prestadores de serviço.

Em sua decisão, o juiz Schulman considerou “totalmente inconsistente” a alegação de Uber e Lyft de que são “plataformas multifacetadas”, e não empresas de transporte. Ele destacou que empresas de transporte são definidas como aquelas que “se dedicam ao transporte de pessoas em veículos motorizados para compensação”, ou seja, exatamente o serviço oferecido pelas plataformas.

Schulman indicou ainda que o argumento “vai contra a realidade econômica e o bom senso”. “Para afirmar o óbvio, os motoristas são centrais, não tangenciais, para todo o negócio de pedidos de carona de Uber e Lyft”, resumiu. Caso a decisão seja mantida após recurso, as empresas teriam que garantir aos motoristas direitos como salário mínimo, compensação de horas extras, período de descanso remunerado e reembolso pelas despesas com os carros.

O que dizem Uber e Lyft

Ao The Verge, a Uber afirmou que os motoristas preferem atuar como prestadores de serviços e que já fez mudanças para adequar seu serviço à lei da Califórnia. “Quando mais de 3 milhões de californianos estão sem emprego, nossos líderes eleitos devem se concentrar em criar emprego, não em tentar fechar uma indústria inteira durante uma depressão econômica”, afirmou a empresa.

A Lyft também alegou que os motoristas preferem seguir como freelancers e adiantou que vai entrar com recurso. “Vamos recorrer imediatamente desta decisão e continuar a lutar pela independência deles [os motoristas]. Em última análise, acreditamos que essa questão será decidida pelos eleitores da Califórnia e que eles ficarão ao lado dos motoristas”, indicou a companhia também ao The Verge.

A empresa se refere à consulta que será realizada em novembro aos eleitores da Califórnia. Além de votarem para presidente e para cargos legislativos, as pessoas no estado vão opinar se motoristas e entregadores de aplicativos serão classificados como funcionários ou se ficarão de fora da AB5 e continuarão sendo classificados como prestadores de serviço.

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Victor Hugo Silva

Victor Hugo Silva

Ex-autor

Victor Hugo Silva é formado em jornalismo, mas começou sua carreira em tecnologia como desenvolvedor front-end, fazendo programação de sites institucionais. Neste escopo, adquiriu conhecimento em HTML, CSS, PHP e MySQL. Como repórter, tem passagem pelo iG e pelo G1, o portal de notícias da Globo. No Tecnoblog, foi autor, escrevendo sobre eletrônicos, redes sociais e negócios, entre 2018 e 2021.

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