Apple quer taxa de 30% sobre Google Stadia e Microsoft xCloud

Jogos do Google Stadia e Microsoft xCloud deverão ser oferecidos via App Store; Apple cobra taxa em compras in-app e assinaturas

Felipe Ventura
Por
• Atualizado há 2 anos e 4 meses
xCloud

O futuro dos jogos está no streaming: já temos o Microsoft xCloud com títulos do Xbox e o Google Stadia, por exemplo. Os games na nuvem podem rodar em celulares e tablets, mas as regras antiquadas da Apple acabam sendo um obstáculo. Por isso, ela definiu nesta sexta-feira (11) como essas plataformas deverão se adaptar para o iPhone e iPad: os jogos terão que ser listados na App Store e ficarão sujeitos à taxa de 30% sobre compras in-app e assinaturas.

Em resumo, cada jogo presente em uma plataforma de streaming terá que se comportar como um app individual: ele precisa exibir um ícone próprio na tela inicial do iOS, ter uma página na App Store e enviar cada atualização para ser revisada pela Apple.

Tem mais: os jogos deverão usar o sistema de compras in-app da Apple e pagar a taxa de 30%. A Microsoft e o Google poderão criar um app de catálogo para reunir os diferentes títulos disponíveis para streaming; neste caso, será obrigatório colocar links diretos para a App Store. E se for necessário obter uma assinatura — caso do xCloud — ela deverá ser oferecida no iOS, também sujeita à taxa da loja.

O Microsoft xCloud, com títulos do Xbox para assinantes do Game Pass Ultimate sem custo adicional, chegará ao Android a partir deste mês. No entanto, ele não foi autorizado pela Apple porque as regras da App Store não permitiam streaming de jogos. A empresa acabou mudando suas diretrizes, mas sem trazer exatamente boas notícias.

Em agosto, a Apple disse que é necessário analisar cada app do iOS “para proteger os clientes e oferecer condições justas aos desenvolvedores”. Por que não há uma regra semelhante para conferir cada filme ou série da Netflix, por exemplo? A empresa argumenta que o Stadia e o xCloud são diferentes por entregarem conteúdo interativo, e afirma que os clientes têm certas expectativas quando se trata de jogos na App Store.

Meu palpite é que a Apple não quer dar abertura para que empresas ofereçam jogos ou assinaturas no iOS sem pagar a taxa de 30%. Dessa forma, ela poderá ganhar dinheiro sobre as assinaturas do Game Pass Ultimate, exigido para o xCloud.

No Stadia, a porcentagem seria cobrada em cima de cada jogo adquirido na loja do Google, ou mesmo sobre o plano Stadia Pro para streaming em 4K. Para quem não gostar disso, a Apple sugere recorrer à “internet aberta e navegadores web para alcançar todos os usuários fora da App Store”. A Epic Games entrou em uma batalha judicial contra essa taxa, afetando milhões de usuários de Fortnite.

Google Stadia

Google Stadia

As regras da Apple para streaming de jogos

Estas são as novas regras da App Store para streaming de jogos:

Jogos por streaming são permitidos, desde que sigam todas as diretrizes — por exemplo, cada atualização deve ser enviada para revisão, os desenvolvedores devem fornecer metadados apropriados para pesquisa, os jogos devem usar a compra in-app para desbloquear recursos ou funcionalidades etc. Claro, há sempre a internet aberta e navegadores web para alcançar todos os usuários fora da App Store.

Cada jogo por streaming deve ser enviado à App Store como um aplicativo individual para que tenha uma página de produto da App Store, apareça em rankings e pesquisas, tenha avaliações e análises do usuário, possa ser gerenciado com ScreenTime e outros aplicativos de controle dos pais, apareça no dispositivo do usuário etc.

Os serviços de streaming de jogos podem oferecer um aplicativo de catálogo na App Store para ajudar os usuários a se inscrever no serviço e encontrar os jogos, desde que o app cumpra todas as diretrizes, incluindo oferecer aos usuários a opção de pagar por uma assinatura com compra in-app e usar o Iniciar sessão com a Apple (Sign in with Apple). Todos os jogos incluídos no aplicativo de catálogo devem ser vinculados a uma página de produto individual da App Store.

Com informações: TechCrunch.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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